A dez dias do fim do mês, o Ministério da Saúde anunciou nesta sexta-feira (19) que apenas 40,9% dos imóveis brasileiros - 27,4 milhões dos 67 milhões - foram vistoriados com o objetivo de combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika. Os dados foram atualizados até as 16 horas da última quarta-feira (17). A meta do governo era visitar todos até 31 de janeiro. Depois, o prazo foi prorrogado até o fim de fevereiro.
No último balanço, divulgado na sexta-feira passada, 23,8 milhões de imóveis (35,6%) tinham sido visitados. Isso significa que em uma semana, o crescimento foi de pouco mais de cinco pontos percentuais - índice parecido ao da semana anterior. Nesse ritmo, a meta não será alcançada.
Ao todo, 984,3 mil imóveis - 3,77% do total visitado - tinham focos do mosquito. A meta é reduzir o número para menos de 1%. Houve ainda recusa de acesso a 91,6 mil imóveis, e outros 6,1 milhões fechados. Medida provisória editada pela presidente Dilma Rousseff permite a entrada forçada em imóveis fechados, mas o Ministério da Saúde não informou no balanço se isso foi feito.
Dos 5.570 municípios, 4.462 enviaram dados sobre as visitas por meio do Sistema Informatizado de Monitoramento da Presidência da República (SIM-PR). Destaque para os estados da Paraíba, em que 90,5% dos imóveis foram visitados, do Piauí (81,4%) e de Sergipe (75,6%). Os piores resultados são do Rio Grande do Sul (3,6%) e de Santa Catarina (9,1%). O Rio de Janeiro é o 11º na lista, com 51,2% dos imóveis vistoriados.
Questionado se a meta será alcançada este mês, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse que o governo trabalha para isso, mas não deu cravou que o objetivo será alcançado. Ele negou que a meta seja ousada, tachando-a de necessária.
“Nós estamos trabalhando para isso, mas é uma ação que é feita por várias mãos: o governo federal, o governo estadual, o governo municipal”, disse Castro.
O ministro brincou que não há criadouros no local onde costuma caminhar de manhã. “Eu posso dizer que não há criadouros onde faço caminhada todos os dias de manhã. Eu vou com o radar ligado. No lugar onde tem copo, alguma coisa, eu pego, levo para a lixeira. Não deixo nada”, contou o ministro.
Mobilização para eliminar o mosquito
Em visita a uma escola particular de Brasília, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, pediu a união de esforços entre governo e sociedade para eliminar o mosquito Aedes aegypti. A ação faz parte da chamada “Mobilização Nacional da Educação Zika Zero”, que ocorre nesta sexta-feira com ações em 27 capitais e outros 115 municípios considerados prioritários no combate ao mosquito. Castro chegou a acompanhar os alunos em vistoria procurando eventuais focos do mosquito. Mais cedo, antes da chegada dele, soldados encontraram uma larva, mas não foi possível identificar se era do Aedes.
Exames feitos por laboratórios ligados ao Ministério da Saúde apontam a relação entre o vírus zika e a epidemia de microcefalia que atinge principalmente o Nordeste. A microcefalia é uma malformação em que os bebês nascem com a cabeça menor do que o normal e, no geral, leva ao retardo mental.
A escola visitada pelo ministro, O Ciman, é particular. As aulas na rede pública do Distrito Federal ainda não começaram, devido a uma greve ocorrida no ano passado, que atrapalhou o calendário letivo. Enquanto a recepção a Marcelo Castro foi protocolar, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, gozou de maior simpatia, sendo tietado por alguns alunos.
“E esse mosquito? Vamos para cima dele ou não vamos?”, questionou o ministro aos alunos ao chegar à escola.
O governador Rodrigo Rollemberg destacou que os casos de dengue no DF no começo deste ano subiram 210% em relação ao mesmo período de 2015. Ele também defendeu a mobilização da sociedade e pediu que os alunos sensibilizem os pais para combater o mosquito. “Boto a maior fé em vocês”, disse o governador.
Ministro admite ligação com zika em 40% das notificações de microcefalia
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Nesta sexta-feira, vários ministros e secretários visitam escolas espalhadas pelo país como parte da mobilização contra o Aedes aegypti. É uma continuidade das ações de sábado, quando todos os ministros e vários secretários participaram de ações de cidades de todo o Brasil. No geral, o ministro foi bem didático ao explicar as doenças transmitidas pelo mosquito.
“Se fosse fácil, já teríamos feito (a eliminação do mosquito). Ele vive em 113 países do mundo, e os países não conseguiram eliminar. A luta está perdida? Vamos baixar a guarda, jogar a toalha? De maneira nenhuma”, discursou o ministro para cerca de 200 alunos, dizendo que é preciso a participação dos governos e da sociedade para acabar com o mosquito.
Após a visita à escola, ele seguiu para a Universidade de Brasília, ainda como parte da mobilização nacional.
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