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Uma acareação entre dois acusados de integrar um grupo de skinheads apontou que Gabriel de Oliveira Cata Preta, de 18 anos, foi o autor de uma das facadas que atingiram o jovem Lucas Augusto de Carvalho. No dia 5 de setembro, a vítima foi perseguida por sete homens, depois de sair com um grupo de amigos do Shopping Müller, em Curitiba. O rapaz foi atingido por vários golpes de faca e morreu no hospital.
A polícia colocou Cata Preta frente a frente com Fernando Santana, de 28 anos, que está preso, acusado de participação no crime. Na acareação, Santana contou que Cata Preta esfaqueou Carvalho na altura dos olhos. "Ele [Gabriel Cata Preta] me disse que foi como se estivesse passando manteiga em um pedaço de pão", reiterou Santana, em entrevista à Gazeta do Povo.
De acordo com o delegado Vinícius Martins, da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), a versão do detido bate com o laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML), que apontou que Carvalho apresentava uma lesão na região temporal, próximo aos olhos, provocada por arma branca (o rapaz também levou facadas no tórax, barriga e perna). A mãe da vítima também confirmou que o filho apresentava um corte nesta área do rosto. "Para a polícia, é possível afirmar que Cata Preta foi um dos skinheads que desferiram golpes de faca", disse o delegado.
Identificações
A polícia já tem informações sobre todos os suspeitos de envolvimento no assassinato de Carvalho. Além de Cata Preta e de Santana, os outros acusados de integrar o grupo de skinheads e de ter perseguido e matado a vítima são: Henrique, Hugo e Ezequiel, que morariam nas proximidades do Terminal de Piraquara, na região metropolitana; Pedro "Pepo", que seria morador da Cidade Industrial de Curitiba (CIC); e Gian "Sombra", que residiria no Centro.
As informações foram levantadas com base em investigações da DFR e no depoimento de Carlos Rodrigo Túlio Saraiva, de 27 anos, que era acusado de participação no crime e que se apresentou à polícia nesta sexta-feira (1º). "Estamos muito perto de prender todos os envolvidos neste crime. Faltam-nos poucos elementos e a sociedade pode colaborar por meio de denúncias anônimas", disse o delegado. As informações podem ser repassadas à DFR pelos números 181 e (41) 3218-6100.
Crime premeditado
Para a polícia, o grupo de skinheads premeditou o crime. Segundo o delegado, imagens das câmeras de segurança do Shopping Müller mostram os acusados seguindo Carvalho à distância. Uma das gravações mostraria os suspeitos fotografando a vítima, sem que ela percebesse.
Depois que Carvalho saiu do centro comercial, por volta das 19h15, acompanhado de cinco amigos, os skinheads teriam perseguido-os. Na fuga, o grupo se separou e Carvalho e um amigo tentaram fugir em direção ao Cemitério Municipal, mas foram alcançados pelos agressores.
"Cata Preta e o Sombra seguraram Carvalho pelo braço e os outros começaram as agressões. Além de Cata Preta, outros skinheads também desferiram golpes de faca", disse o delegado.
Fuga
Após terem esfaqueado o rapaz, os skinheads foram à casa de Saraiva, que estaria no trabalho no instante do crime. No apartamento, os acusados teriam lavado as armas e comentado o crime. "De acordo com o depoimento de Saraiva, todos os agressores portavam facas. Saraiva não teve nenhuma participação no caso e não deve ser indiciado", apontou Martins.
Segundo o delegado, Cata Preta e Santana responderão por homicídio duplamente qualificado. Assim que os outros integrantes do grupo forem identificados, também devem ser indiciados. "Para a polícia, todos tiveram participação direta no crime. Independentemente de quem deu as facadas", disse o delegado.
Motivação
Lucas Carvalho teria sido assassinado por engano, confundido com um punk que, há cerca de dois meses, atacou Santana. Após sofrer o atentado, ele teria passado a andar armado com uma faca.
Nesta sexta, Santana negou que andava armado e disse que não era integrante do grupo de skinheads. Ele disse que estava com os agressores no instante do crime, mas disse que acompanhou os acusados "para ver o que estava acontecendo". "Eu me arrependo de ter ido atrás do movimento, mas eu não fiz nada. Nem sei como era o rosto da vítima", disse.