"Puxando" plantão, de 24 horas de trabalho por 72 de descanso. Fazer boletins de ocorrência e outros serviços administrativos no 1.º Distrito Policial. Essa é a atual rotina, desde a semana passada, do servidor da Polícia Civil Délcio Augusto Rasera, que ficou preso durante 10 meses acusado de fazer interceptações telefônicas ilegais e por porte ilegal de armas.
De acordo com o superintendente do 1.º DP, Adolfo Rosevicz Filho, Rasera é um servidor comum na delegacia e não tem privilégios. "Aqui tem uma hierarquia para ser seguida. Ninguém é favorecido, nem os servidores nem o público. As únicas exceções são as gestantes e os idosos, que tem preferência para o atendimento", afirmou o superintendente.
A presença de Rasera, que foi assunto na imprensa durante um bom tempo, não mudou a rotina do 1.º DP. "Ele é um servidor qualquer e tem que trabalhar. O Conselho da Polícia Civil está investigando as denúncias e enquanto não houver nenhuma sentença ele trabalha como um servidor comum. Está respondendo às ações e tem todo o direito de defesa, se for condenado terá que pagar. Enquanto isso, recebe o salário pago pelo contribuinte do estado e tem que trabalhar, não pode ficar encostado", definiu o superintendente.
Rasera integra uma equipe de quatro policiais e é subordinado ao chefe da equipe, que lhe passa as tarefas administrativas. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretária de Segurança Pública (Sesp-PR), Rasera realiza serviços administrativos e continua respondendo as ações na Justiça. O Ministério Público (MP) não quis se pronunciar sobre o assunto.
A reportagem da Gazeta do Povo Online tentou entrar em contato com o policial civil Délcio Augusto Rasera, mas não o encontrou no 1.º DP.
O caso
Rasera foi preso pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC) no dia 5 de setembro do ano passado durante a "Operação Pátria Nossa". Quando foi preso, o policial se identificou como assessor especial do governador Roberto Requião (PMDB). Rasera trabalhava na Casa Civil do governo do estado na época.
A investigação da PIC apontou que Rasera mantinha pelo menos três "escritórios" de investigação que ofereciam serviços para empresários, advogados, políticos e autoridades públicas, realizando escutas sem autorização judicial de telefones móveis e fixos.
A prisão estremeceu o Palácio Iguaçu. O governador Requião chegou a dizer que a prisão do investigador policial refletiu no resultado da eleição. O governador venceu Osmar Dias (PDT) por uma pequena diferença - 10.479 votos.