Polícia teve acesso a uma série de imagens do grupo| Foto: Polícia Civil
Ezequiel (à esquerda) e Henrique (à direita) aparecem fazendo gestos nazistas em fotos conseguidas pela polícia
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Um adolescente de 13 anos de idade, acusado de integrar um grupo de skinheads que matou um jovem de 18 anos, em Curitiba, se apresentou à Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), nesta quinta-feira (21). De acordo com o delegado Vinícius Martins, responsável pelo caso, uma acareação realizada entre o menor e outros dois acusados de participação no crime apontou que o adolescente está diretamente envolvido no homicídio. O crime ocorreu no dia 5 de setembro, quando Lucas Carvalho foi morto a facadas, depois de sair de um shopping, no bairro São Franciso.

Em depoimento, o menor negou que tenha desferido golpes de faca em Carvalho. Entretanto, a polícia confrontou o adolescente com Gabriel Cata Preta, de 18 anos, e com Fernando Santana, de 28 anos, que estão presos temporariamente na carceragem da DFR. Segundo a polícia, outros três adolescentes e um rapaz de 23 anos – Jean Michael Zampiva Mattos – também teriam participado diretamente do crime.

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"A acareação foi muito produtiva. Para a polícia, os sete acusados – quatro menores de idade e três maiores – têm envolvimento direto com o homicídio. Ou seja, todos deram facadas na vítima", disse Martins. O delegado informou que vai enviar cópias integrais do inquérito à Delegacia do Adolescente, que será a responsável por apurar a participação dos quatro menores. Nas investigações, a polícia teve acesso a uma série de imagens, em que os adolescentes aparecem fazendo saudações e gestos nazistas, o que, segundo o delegado, comprovaria que integram a facção skinhead.

O adolescente estava acompanhado da advogada, Marília Lucca, que também representa os outros três menores. De acordo com a defesa, os quatro menores apenas acompanharam a perseguição, mas não esfaquearam a vítima. "Eles acompanharam os maiores e, quando perceberam que estes estavam agredindo o jovem, os adolescentes tentaram impedir as agressões", disse Marília.

A versão da advogada não bate com a apresentada pela polícia e contradiz outras duas acareações realizadas ao longo das investigações. "Eles [os maiores de idade] estão querendo jogar a culpa para os menores, até porque sabem que a pena é mais branda aos adolescentes", disse.

O crime

Carvalho foi assassinado por volta das 19h15, depois de ter saído de um shopping, acompanhado de um grupo de amigos. Eles foram perseguidos por sete skinheads e, na fuga, se separaram. Lucas Carvalho e um amigo foram alcançados próximo ao Cemitério Municipal.

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De acordo com a polícia, Cata Preta e Mattos seguraram Carvalho pelo braço e os outros integrantes do grupo começaram a agredi-lo. A vítima foi atingida com vários golpes de faca e morreu a caminho do hospital As investigações apontam que Carvalho foi perseguido e assassinado, porque foi confundido com um punk que teria participado de um atentado contra Fernanda Santana, de 28 anos, que também está preso. Cata Preta confirmou esta informação.

Em entrevista à Gazeta do Povo, a mãe de Carvalho, Eliana Silva, disse que o filho jamais integrou qualquer facção e acrescentou que o jovem nunca andou armado ou se envolveu em brigas. "O Lucas [Carvalho] jamais foi punk. É revoltante que os advogados estejam usando isso para livrar os acusados", disse. "O que nos conforta é que todos os que participaram do crime estão identificados e que a justiça está sendo feita", finalizou.