Estudantes que ocupavam a Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) desde o dia 31 de agosto deixaram o prédio por volta das 9 horas desta quinta-feira (17). A saída cumpre com um acordo fechado nesta quarta-feira (16) na Justiça Federal, que possibilitou a retomada das negociações entre a instituição de ensino e os alunos.
Veja fotos da desocupação do prédio da Reitoria
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Leia a matéria completaA primeira reunião para discutir as reivindicações com os estudantes ocorre a partir das 16h30 desta quinta, na Pró-Reitoria de Graduação e Educação Profissional (Prograd). O comando da greve do movimento declarou que entende a conjuntura econômica do país e que, por isso, os estudantes decidiram retroceder em pautas de impacto financeiro, como a maior disponibilidade de bolsas de pesquisa, por exemplo. No entanto, o grupo afirmou que irá manter as demais reivindicações feitas desde o início do movimento.
“Nós estamos cedendo a ocupação entendendo que agora, mais do que nunca, a Reitoria tem o dever de negociar efetivamente”, declarou a estudante Amanda Feijó, uma das integrantes da ocupação.
À imprensa, a aluna disse que uma das principais condições pelas quais o movimento grevista vai brigar a partir de agora é a não criminalização da ocupação da Reitoria, que durou 18 dias.
“A Reitoria ainda não se posicionou se vai ou não criminalizar o nosso movimento. Mas a gente vai cobrar primeiramente, para além das outras pautas, que ela não criminalize”, disse a estudante.
Na reunião desta quinta, além deste ponto específico, os alunos em greve pretendem cobrar uma posição sobre as seguintes exigências feitas: abono de faltas aos participantes da ocupação, a criação de mais salas de aula nos prédios do Litoral, a operação do ônibus intercampi à noite e a liberação do uso deste ônibus também para filhos de mulheres que estudam na universidade.
“Se o Zaki enrolar, eu vou voltar”, cantavam os alunos enquanto deixavam a Reitoria. O entra e sai de alunos no prédio ocupado era intenso desde cedo, quando eles começaram a se preparar para deixar o espaço. Inicialmente, eles pediram aos jornalistas que acompanhavam o processo para que não registrassem a movimentação no prédio.
Várias caixas de embalagens e sacos de lixo orgânico foram retirados do local pelos próprios alunos e levados dali por um caminhão. Logo após a abertura das portas, que ocorreu pontualmente às 9 horas, os alunos deixaram o prédio com colchões, cobertores, bicicletas, estrados e panelas.
A vistoria estabelecida para detectar possíveis danos causados ao patrimônio da universidade começou logo em seguida, por volta das 9h15. Três oficiais de Justiça deram início aos trabalhos, comandados pelo pró-reitor de administração, Edelvino Razzolini Filho.
O processo foi acompanhado de três representantes da categoria estudantil, três integrantes da Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (Apufpr) e três servidores do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba (Sinditest). A imprensa não pode acompanhar.
Ao final da vistoria, que durou cerca de 1h30, a UFPR anunciou ter detectado danos em três portas que teriam sido arrombadas pelos alunos. Uma delas teve a tramela quebrada. Segundo a universidade, todas as salas foram trancadas com chave antes da ocupação, mas estavam abertas nesta quinta-feira, e que carimbos oficiais de servidores foram utilizados em cartazes espalhados pela cidade. Nos locais em que a reportagem esteve não foram vistos outros problemas.
O reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, irá conceder uma coletiva de imprensa às 14 horas para falar sobre todos os prejuízos que a ocupação teria causado.
Em nota publicada nesta quarta-feira (16), a UFPR disse que a ocupação causa “prejuízos diretos e indiretos a milhares de pessoas”. Por causa do movimento, segundo a instituição, o setor de administração não conseguiu efetuar, no quinto dia útil de setembro (dia 9), os pagamentos dos terceirizados e das bolsas estudantis, inclusive as de atleta, cultura, extensão, iniciação científica e monitoria - o Probem.
Outro prejuízo afirmado pela universidade refere-se ao repasse de verbas e auxílios para apresentação de trabalhos e participação em eventos científicos. Também teriam sido prejudicados os fornecedores e as empresas responsáveis por prestadores de serviço, como funcionários do Restaurante Universitário (RU), da vigilância, da limpeza e da manutenção.
Com a reitoria desocupada, a UFPR disse que irá iniciar os pagamentos atrasados ainda nesta quinta. A previsão é de que todas as pendências financeiras, de acordo com a assessoria de imprensa da instituição, sejam normalizadas em até três dias.
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