O Brasil deve atingir este ano a meta de controlar a hanseníase como um problema de saúde pública, afirmou a coordenadora do Programa Nacional de Eliminação da doença, Rosa Castália Soares. Ano passado, a meta nacional registrada no País foi de 1,27 casos a cada 10 mil habitantes.
Embora a estatística geral esteja próxima do compromisso assumido pelo País, (menos de um caso a cada 10 mil habitantes) especialistas dizem que a doença não pode ser considerada controlada. “Alguns Estados apresentam um número muito significativo de casos, como Maranhão”, disse o presidente da Associação Internacional de Hanseníase, o brasileiro Marcos Virmond. “Levará ainda cerca de 50 anos para que o problema esteja totalmente controlado no País”, completou.
Ele cita dois fatores para a dificuldade no controle da doença: a falta de capacitação de profissionais e problemas econômicos. “É uma doença ligada à pobreza. Basta lembrar que, na Europa, os casos foram controlados mesmo antes da existência de um tratamento”, completou.
Caracterizada pelo aparecimento de manchas e falta de sensibilidade nas áreas afetadas, a hanseníase muitas vezes é confundida por profissionais de saúde com micoses ou, em casos mais avançados, com problemas reumáticos. “São poucos os dermatologistas que associam o sintoma à doença. Eles estão mais preocupados com botox.”
Professor da Universidade Federal do Pará, Cláudio Salgado, teme que o alcance da meta de um caso a cada 10 mil habitantes desmobilize as ações de prevenção e controle da doença em regiões que ainda necessitam de investimento e melhoria no atendimento. “Como falar que uma doença está controlada se ainda identificamos casos em crianças?”
Rosa, no entanto, descarta o risco de desmobilização. “Houve uma melhoria significativa no atendimento, na capacidade de identificação de casos. Isso vai ser mantido”, garantiu. Ela lembra que o Brasil assumiu o controle de Doenças Tropicais Negligenciadas que ainda são endêmicas até 2020. “São sete no País. O controle é feito em bloco”, completou.
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