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Chuva espalha destruição na Região Serrana do Rio de Janeiro

Vista aérea mostra o cenário de destruição em Teresópolis. Chuva provocou o deslizamento. Muitas pedras e entulhos formam barreiras dificultando o resgate | Bruno Domingos / Reuters
Vista aérea mostra o cenário de destruição em Teresópolis. Chuva provocou o deslizamento. Muitas pedras e entulhos formam barreiras dificultando o resgate (Foto: Bruno Domingos / Reuters)

As chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro mataram no total 271 pessoas desde terça-feira (11). Em Teresópolis, a cidade mais atingida, morreram 130 pessoas no que o governo do estado chegou a classificar como a tragédia da história da cidade. Em Nova Friburgo, morreram 107 pessoas, de acordo com o último informe dos bombeiros. Em Petrópolis, os mortos são 34, a maioria deles no Vale do Cuiabá, no Distrito de Itaipava. Por causa da falta de iluminação adequada, as equipes da Defesa Civilsuspenderam a busca por corpos na noite desta quarta-feira (12) em Teresópolis. O resgate em busca de soterrados retorna no início da manhã de quinta-feira (13).

A infra-estrutura da região foi atingida com severidade. Houve falta de luz, telefone e transporte nas três cidades. Bairros inteiros ficaram isolados e só na noite desta quarta-feira equipes de resgate começaram a dar conta da catástrofe em algumas das áreas mais atingidas. Em um desses esforços, foi resgatado com vida, sem arranhões, um bebê de seis meses de idade em Friburgo.

Um total de 800 homens da Defesa Civil e bombeiros tenta localizar desaparecidos em Teresópolis. O secretário do Ambiente do estado do Rio de Janeiro, Carlos Minc, classificou a chuva como a "maior catástrofe da história de Teresópolis". "Não foi possível escolher o que ia cair. Casa de rico, casa de pobre. Tudo foi destruído", disse a empregada doméstica de 27 anos, Fernanda Carvalho.

A prefeitura designou dois abrigos para receber desabrigados: o Ginásio Pedrão, no Centro de Teresópolis, com capacidade para 800 pessoas, e um galpão no Bairro Meudon, onde podem ser alojadas 400 pessoas. Os desalojados na cidade são 1280 e os desabrigados, 960. O município montou um hospital de campanha para atingidos por chuva. Da mesma forma, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, determinou à Marinha na noite desta quarta a preparação de um hospital de campanha para ser instalado na Região Serrana.

Por volta das 21h, uma multidão se reuniu na porta da delegacia de Teresópolis, na Região Metropolitana do Rio, para identificar corpos de familiares que morreram em decorrência da tragédia das chuvas que atingiu a cidade.

A concessionária de energia Ampla, que atende à população de Teresópolis, informou que já restabeleceu o fornecimento de eletricidade para 63 mil dos 75 mil clientes. De acordo com a concessionária, a situação está sendo normalizada à medida que as equipes de emergência conseguem ter acesso às áreas afetadas.

A pedido da Defesa Civil, algumas áreas tiveram o abastecimento de energia suspenso por medida de segurança. A luz só é religada após inspeção dos agentes da Defesa Civil, para assegurar que não há risco de acidentes.

Na vizinha Petrópolis, o número de vítimas chega a dezoito pessoas, entre elas um casal de idosos. No distrito de Itaipava, a água atingiu dois metros e meio de altura em alguns pontos da região. A Defesa Civil da prefeitura de Petrópolis explica que "toda vez que chove muito nos municípios de Teresópolis e Nova Friburgo, a água que desce da serra provoca o transbordamento do rio Santo Antônio, causando os alagamentos".

Dilma sobrevoará áreas atingidas

A presidenta Dilma Rousseffsobrevoará nesta quinta-feira às 10h os municípios do Rio de Janeiro atingidos pelas chuvas nos últimos dias. Ela será acompanhada pela ministra da Secretaria de Comunicação (Secom), Helena Chagas. Os ministros da Integração Nacional, Fernando Bezerra, e de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, já estão no estado.

Dilma assinou na noite desta quarta-feira (12) uma medida provisória que destina R$ 780 milhões para os municípios do Rio de Janeiro e São Paulo atingidos pelas chuvas.

Do total, R$ 700 milhões, serão destinados ao Ministério da Integração para aplicação em ações da Defesa Civil, sendo R$ 100 milhões apenas para prevenção de desastres naturais.

O Ministério dos Transportes recebera R$ 80 milhões para aplicar na reforma de rodovias afetadas por enchentes e desabamentos. De acordo com o Planalto, a MP deve ser publicada no Diário Oficial nesta quinta (13).

O secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, afirmou nesta quarta, antes de se deslocar de São Paulo para o Rio de Janeiro, que a determinação da presidente Dilma Rousseff é para investir mais em obras de prevenção de desastres e enchentes.

O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que sobrevoou a região afetada, disse à Agência Brasil que é "um quadro desolador, provocado pela violência das águas e dos deslizamentos de morros e encostas, que resultou em mortes e danos graves à infraestrutura de estradas, ruas, prédios públicos e casas. Em determinadas localidades, temos a impressão de estarmos em uma praça de guerra."

Cabral pede ajuda à Marinha

Em resposta a um pedido do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, a Marinha colocou à disposição dois helicópteros (um Esquilo e um Super Puma) para o transporte de pessoal e equipamentos dos bombeiros.

No exterior, em uma viagem com a família, o governador só deve visitar nesta quinta as cidades atingidas pelas tempestades na região serrana do Rio de Janeiro. Segundo a assessoria de comunicação do governo do Estado, Cabral estava "no exterior", mas sua equipe não soube informar o local exato. Ele havia viajado no último fim de semana e tinha o retorno programado para esta quinta.

Em janeiro do ano passado, quando temporais provocaram dezenas de mortes em Angra dos Reis, no litoral sul do Estado, Cabral foi criticado por ter visitado a região apenas no dia seguinte à tragédia. Questionado, quando foi ao local do desastre, reagiu com indignação e indagou: "Estão querendo plantar que eu estava fora do País? Eu estava em Mangaratiba", afirmou, na ocasião.

O vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, está na Região Serrana acompanhando o trabalho de resgate a vítimas. Pelo Twitter, o governo do estado informou que helicópteros estão sendo mobilizados para o transporte das equipes da Defesa Civil estadual e de equipamentos para reforçar os trabalhos de resgate na Região Serrana.

1,4 mil casas para desabrigados

Na tarde desta quarta, o secretário de Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, anunciou que o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, e o programa Morar Seguro, do governo do estado, vão oferecer cerca de 1,4 mil casas para as famílias desabrigadas pelas chuvas na região serrana.

Minc sobrevoou de helicóptero, nesta quarta à tarde, os municípios de Teresópolis, Friburgo e Petrópolis. Segundo ele, 15 frentes de ações emergenciais foram abertas para garantir soluções à catástrofe que atingiu a região.

De acordo com Minc, em Teresópolis são cerca de 2 mil famílias desabrigadas, sendo que 200 já foram atendidas com aluguel social. "As demais serão recebidas em bairros vizinhos e por programas de habitação dos governos estadual e federal."

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