Contrariando a Sabesp (companhia de saneamento estadual), os Comitês dos rios PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí) vão reivindicar o dobro da quantidade de água liberada para os municípios da região de Campinas na renovação da outorga do Sistema Cantareira, prevista para ser concluída em outubro.

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Conforme proposta aprovada nesta sexta-feira (31) pela maioria dos integrantes dos comitês numa reunião ocorrida em Jundiaí (a 58 km de São Paulo), a vazão média anual do sistema para os rios do interior subirá para 10 m³/s. Em função da crise hídrica, esse volume está limitado hoje em 3,5 m³/s para a região.

Além disso, a quantidade de água liberada poderá ser elevada em 1 m³/s ao ano a partir de 2021 caso o governo estadual não construa as barragens Pedreira e Duas Pontes até 2020. As obras garantiriam segurança hídrica e vazão controlada à região, sem causar prejuízos socioeconômicos e ambientais.

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A reunião marcou a primeira disputa pela água do Cantareira no processo. A outorga será concedida pela ANA (Agência Nacional de Águas) e o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica) à Sabesp, que depende das águas das bacias dos rios PCJ para abastecer parte da Grande São Paulo.

Representantes da empresa presentes à reunião foram contrários a todas as propostas dos comitês.

Os comitês, formados por representantes dos governos municipais, estadual e federal e empresas, querem que a outorga tenha validade por dez anos e que a Sabesp, após seis meses do início da autorização, apresente um relatório de todas as suas obras propostas para reduzir a dependência do Cantareira, além de ações mitigadoras como reduzir as perdas por vazamentos e plantar árvores.

A intenção do PCJ também é assumir a gestão do Sistema Cantareira no lugar da ANA e do Daee nos períodos em que o volume útil dos reservatórios estiver entre 20% e 85%. O objetivo é garantir maior controle na divisão da água entre a Sabesp e os municípios da região de Campinas.

Já nos períodos de crise, seja de estiagem -como o atual- ou de cheia, a gestão ficaria entre a ANA e o Daee. Os participantes cobraram regras mais claras para operação dos reservatórios e criticaram a liberação de mais água para a Grande São Paulo, conforme decisão dos órgãos outorgantes tomada nesta semana.

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A renovação da outorga deveria ter ocorrido no ano passado, mas foi adiada por 12 meses após a maior crise hídrica dos últimos 85 anos atingir o Estado. A intenção dos comitês é encaminhar os pedidos até o dia 14 de agosto para a ANA e o Daee, que vão decidir as regras de operação do Cantareira.