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Diariamente e dos mais diversos ângulos, estamos sendo informados sobre a gripe A (H1N1), que se popularizou com o nome de gripe suína. Todos os dias lemos matérias que registram falas de especialistas no assunto: poucas vezes foi dada tanta atenção aos infectologistas. Entretanto, parte considerável dos leitores continua achando que existe muito mais coisa por trás dessa história toda. Por quê?

Para tentar responder, vamos nos fixar neste ponto: toda compreensão implica uma troca de informação. Quando lemos um texto, levamos até ele outras informações, advindas de fontes diversas (de uma conversa no ônibus ou no intervalo da aula, de um artigo, de uma homilia etc.) O contato entre o "nosso mundo de informação" e a matéria que lemos gera uma compreensão, uma nova edição do assunto. Claro que não de modo tão mecânico.

Acontece que, ao contrário de informações especializadas sobre, por exemplo, os novos avanços da física nuclear, de maneira geral todos nós temos algo a dizer sobre gripe. Todos nós já tivemos gripe, sabemos como é fácil pegá-la, sabemos reconhecer um espirro, uma tosse, um nariz escorrendo e um par de olhos vermelhos. Sintomas de gripe! É esse universo hiperinflacionado de informação sobre gripe que entra em diálogo com as matérias dos jornais, com as falas especializadas, com os infográficos. Mas agora com um dado novo e assustador: a gripe pode matar. Coisa, aliás, que ela sempre fez. Só que essa informação, parece-me, não tinha importância na nossa enciclopédia sobre o assunto. Agora, se somarmos esse novo dado (a gripe mata) com o nome que se popularizou (gripe suína, ou seja, não é de gente), temos nitroglicerina pura.

Essa mistura explosiva está por trás de muitas interpretações sobre o assunto. Algumas parecem ser exageradas, meio paranoicas. Mas isso é outra história.

Adilson Alves é professor.

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