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Pensa bem. Nesses dias tem trabalho mais difícil que de segurança do papa Francisco em visita ao Brasil? Pior ainda, em visita ao Rio de Janeiro? É um papa informal visitando o reino da informalidade e do clima instável. Misture chuva, friozinho e pessoas excitadas pela chance única de ver de perto um homem que é ao mesmo tempo uma celebridade mundial, um guia espiritual e um ser humano muito, mas muito simpático. Deve ser irresistível a tentação de se jogar em cima dele. Que o digam os seguranças, que correm ao lado do papamóvel ou estapeiam o ar pela janela do Fiat para espantar os mais afoitos. E os homens de preto ainda têm a missão de carregar os bebezinhos para Francisco beijar e depois devolvê-los às mães. Já pensou se no meio daquela confusão entregam o bebê para a mãe errada?

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Um segurança em especial chamou minha atenção. Em primeiro lugar, pela sua aparência assustadora. Durante a Guerra Fria, ele daria um bom espião búlgaro. No cinema, poderia ser aquele homem misterioso que o Wonka contratou para corromper as crianças que irão visitar sua incrível fábrica de chocolate. Em resumo, ele tem cara de durão: é grande, muito branco, careca, ossudo. Pois não é que depois do susto inicial o segurança do papa deu para aparecer sempre sorrindo nas fotos? Deixemos claro que ele entra nos registros fotográficos como papagaio de pirata. Está ali a trabalho e não fazendo pose. Mas sorri, sempre de olho na multidão, não no papa. Sabe ele muito bem que não pode baixar a guarda, que um nacionalista radical sabe-se lá de onde pode estar infiltrado no meio da multidão e disparar um tiro contra Francisco. Aí o segurança carregaria para o resto da vida a pecha de quem falhou. Como diz meu colega Guido, se Francisco é ferido durante esta visita, o Brasil será expulso do planeta Terra. Junto com eles, acrescento eu, os seguranças. O mundo não nos perdoaria, assim como não está perdoando as falhas de organização do Rio de Janeiro. Aliás, eu também não perdoo. Quanto bola-fora! Quanta falha de organização!

Mas voltemos ao Búlgaro, que é como chamarei o segurança poderoso que está dando o sangue para garantir que o papa saia vivo dessa. Observando as imagens do papamóvel circulando pelo Rio, deduzo que o Búlgaro seja chefe da equipe de guarda-costas (ainda se usa essa palavra?). Não só porque sempre está ao lado do papa, mas porque é quem corre de um lado para outro decidindo quem ganhará o afago papal e catando do chão presentinhos que os fiéis lançam em direção a eles: camisas da seleção argentina, cartas, flores. Os seguranças do papa também estão se revelando pessoas de muito iniciativa. Na terça-feira viram um grupo de três jovens portadores de síndrome de Down do lado de fora do hospital visitado pelo papa. Tomaram a iniciativa de convidá-los a entrar para ver o papa. Quer dizer que seguranças podem fazer isso?

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Encontrei uma foto do Búlgaro fazendo a segurança de Bento XVI no Vaticano. É um veterano, portanto. Provavelmente é um dos quatro agentes de segurança trazido pelo Vaticano e que aqui se juntaram a oito brasileiros para, em grupo, pagarem os pecados cuidando de Francisco em solo carioca. Segundo o jornal carioca O Globo, naquele primeiro dia, em que a comitiva papal ficou presa em um congestionamento, a equipe terminou o dia contando os prejuízos. Olha o balanço: um segurança perdeu o relógio, outro o celular, um terceiro rasgou o terno e o quarto... Ah, o quarto perdeu um dos sapatos. Mantido o ritmo, eles vão embora do Rio pelados.