"Nenhuma raça merece feriado exclusivo em detrimento de outra. Não vai ser com feriados que vamos evoluir, acabar com o racismo e a falta de respeito." Assim inicia a sua opinião, na Coluna do Leitor da Gazeta do Povo, o economista Paulo Lugli, sobre a criação do feriado denominado Dia da Consciência Negra pela Câmara de Vereadores de Curitiba.
A tentativa da instituição de tal feriado vem causando contradições na apreciação dos curitibanos, que na maioria qualificam como absurdo feriado em querer homenagear raças ou etnias que forjaram tanto o Brasil quanto, e principalmente, o Paraná, estado que se desenvolveu através do trabalho de gente das mais diversas nacionalidades.
Um livreto intitulado Datas Comemorativas apareceu com uma segunda edição em 1998, pela Associação Bibliotecária do Paraná. Nessa publicação, ressalvando-se erros e repetições de datas, tem dia para tudo: por exemplo, o dia de hoje 10 de dezembro é em homenagens aos Dia da Indústria Automobilística, Dia do Balconista e Dia do Trigo, além de ser o dia em que Getúlio Vargas estabeleceu o Estado Novo, em 1937. Uma das atitudes de Vargas foi criar o Dia da Raça para ser comemorada no dia 4 de setembro, sendo incorporada à chamada Semana da Pátria.
Dia da Raça, uma aberração num país como o Brasil, formado praticamente por todas as raças existentes no mundo, querer homenagear a raça brasileira, sabidamente inexistente. A nação é formada por brasileiros natos, quer oriundos das raças branca, negra ou amarela. Em nosso calendário de efemérides temos tanto o Dia do Índio como o Dia da Abolição dos Escravos, em 13 de Maio, e este não deixa de ser uma homenagem à integração dos negros como brasileiros de plenos direitos de cidadania.
Com todo respeito que tenho pelo Paulo Salamuni, filho de meu amigo e, quando em vida, apreciador desta página, o professor Riad Salamuni de respeitosa memória, acredito que o Dia da Consciência Negra seja criado pela Câmara Municipal, do qual é presidente, sem, entretanto, constar como feriado. Como tantas outras datas importantes que são lembradas sem haver necessidade de interromper a vida operativa da comunidade. Tome-se como exemplo o dia do aniversário de Curitiba, comemorado em 29 de Março, é um dia como outro qualquer, tendo unicamente ponto facultativo nos serviços da prefeitura.
Se a onda de criar dia disso e dia daquilo continuar, insinuo aos vereadores, não todos, apenas àqueles que não têm imaginação, para que se criem dias como o Dia do Bêbado, Dia da Vergonha na Cara, ou então mesmo o Dia da Vontade de Trabalhar.
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