Na Colônia Senador Correia vemos um núcleo de casas de madeira, material que era usado inclusive no telhado, quando as habitações eram ditas como cobertas de tabuinhas. A foto é de 1919| Foto:
Em Castro, na Colônia Iapó, vemos uma roça de milho em torno das moradias de madeira, em 1919
Paiol, para armazenar as colheitas, feito de tábuas de pinho, inclusive o telhado. Colônia Iapó, em 1919
Ponte de madeira construída sobre o Rio da Areia, no município de Guarapuava, então o maior do Paraná. Foto de 1919
Casa de colono, tendo anexo o então típico botequim de beira de estrada. Interior da Lapa na década de 1920
Casa na Colônia Apucarana, no município de Guarapuava. Foto feita para o Ministério da Agricultura em 1919
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E sempre foi assim, uma coisa puxando outra quando se trata de lembrar. Agora mesmo recebi duas cortesias que me jogaram no passado. São publicações que todo curitibano que gosta da sua cidade deve conhecer.

Do leitor, amigo e colecionador desta página – desde que ela se iniciou há vinte e dois anos – Nestor Gastão Poplade, recebi o livro de sua autoria: Paróquia Cristo Rei. São 142 páginas elaboradas com carinho e conhecimento. O autor, logo ao pé da introdução de sua obra, cita uma frase de John Masefield: "O que a gentileza livremente oferece, agradecimentos não podem pagá-los". O agradecimento que faço ao Nestor não é só pela sua amabilidade, muito mais por, com sua publicação, reavivar minha memória, quando setenta anos passados ia junto com minha mãe prestar culto a São Judas Tadeu na Igreja do Cristo Rei. Tal recordação também é impossível de ser paga.

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Outra fineza me foi contemplada pelo arquiteto Key Imaguire. São obras de vários autores sobre as casas de madeiras de Curitiba e outra publicação importante com o título de Igrejas Ucranianas, focalizando tais templos eslavos existentes no Paraná.

Casa de madeira. Nasci em casa de madeira. Passei infância e juventude em outra casa de madeira. Quando casei fui morar em casa de madeira, onde todos meus filhos e meu neto mais velho nasceram. A cortesia do Key foi a chave que me levou ao tempo de piá de 4 anos correndo e fazendo estripulias na casa do meu avô polaco, o Jerônimo Deren. Casa com sótão, onde morava o terrível Nicolau, um manequim que me matava de medo.

A casa do velho Jerônimo ficava em sua chácara, junto à atual Praça do Japão. Passados alguns anos, a casa foi adquirida por meus pais. Aos meus 15 anos o velho Lulo, meu pai, satisfeito com minhas vagabundagens, me deu a missão: desmanchar a casa do meu avô. Prego por prego, sarrafo por sarrafo, tábua por tábua e telha por telha, fui obrigado, por obediência, a botar a casa no chão, um amontoado de pilhas de madeiras separadas pelas bitolas. O trabalho na época foi um castigo. Hoje, entretanto, é uma grata lembrança. Todos se foram, Jerônimo e Lulo deixaram saudades. Até o manequim Nicolau ainda mora no sótão da minha cachola, só que agora não me assusta mais.

Lembranças e mais lembranças. Coroinha da Igreja dos polacos, a de Santo Estanislau, ali da Rua do Aquidaban, atual Emiliano Perneta. Turíbulo cheio de brasas, cheiro de incenso, toque dos sinos. Dominus vobiscum. Travessa com pierogues e carnes assadas e o padre, em jejum, a espargir tudo com água benta. A fé de muitos e a tortura do pároco. Com tudo isso na cabeça, vamos caminhando para o imponderável futuro, quando, então, a corrosão do tempo se encarregará de apagar os momentos já vividos.

A Nostalgia deste domingo está sendo ilustrada com fotos de casas e construções de madeira no interior do Paraná, tempo em que colonos desbravavam as terras virgens e o pinheiro era a matéria-prima usada para tudo, desde o berço até a urna funerária.

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