O homem sempre buscou reunir e sistematizar a informação e o conhecimento para garantir que a experiência acumulada de uma geração fosse legada a seus descendentes. Nas comunidades primitivas, as histórias e mitos transmitidos pelos anciãos para os jovens cumpriam esse papel. Sociedades maiores exigiram algo mais. Escolas, universidades, bibliotecas e jornais são frutos dessa necessidade humana. Mas a revolução digital conectou o mundo, ampliou a complexidade das relações sociais e colocou as instituições tradicionais de transmissão do saber diante de uma crise que pede novas respostas.

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Professores enfrentam diariamente o desafio de ensinar algo que os alunos podem acessar num único clique. Jornais em papel estão desaparecendo mundo afora diante da profusão de informações existentes na internet. Bibliotecas buscam se reinventar para atrair frequentadores que agora preferem buscar conhecimento na web.

A Biblioteca Pública do Paraná, por exemplo, acaba de anunciar uma reforma para se tornar mais confortável aos usuários. Terá um café com poltronas, num novo espaço de convivência e diálogo. Tudo para atrair os leitores que deixam paulatinamente de frequentar o espaço: em 2003 foram 448 mil empréstimos de livros; no ano passado, 283 mil – segundo dados da própria instituição.

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Bibliotecas enfrentam ainda de forma mais incisiva outro desafio dos tempos contemporâneos. São espaços de reflexão e silêncio num mundo que cada vez mais valoriza a extroversão. Não é à toa que sejam vistas por muitos como lugares "chatos" – tal como também se diz de escolas, universidades e jornais.

Mas as instituições que sistematizam o conhecimento e a informação ainda são depositárias de conteúdo averiguado e de credibilidade. Embora tenham deixado de ser atraentes, ainda são importantes. Por isso a resposta que a Biblioteca Pública pretende dar para resolver seu dilema – criar uma área de convívio, aliada a uma programação cultural – é uma aposta interessante. Busca-se criar um espaço de leitura e também de diálogo, de discussão.

Diálogo, por sinal, parece ser a palavra-chave para que as instituições tradicionais de transmissão de conteúdo compreendam a nova realidade, marcada por intensas interações on-line. O conhecimento cada vez mais terá de ser construído coletivamente, pelo diálogo. E não mais simplesmente repassado por aquele que costumava ser o "detentor" da informação. A este caberá ser menos "professor" – o que professa. E passar a ser mais "pegagogo" – aquele que, segundo o sentido original da palavra, conduz ao saber.

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