Casa destruída em Abelardo Luz: moradores tentam reconstruir a vida| Foto: Valter Campanato

Passados seis dias do tornado que devastou municípios do Oeste catarinense, as vítimas tentam voltar ao ritmo de vida normal, limpando e consertando as casas ou refazendo a rotina nos abrigos. As informações são da Agência Brasil. A ajuda prometida de cestas básicas e liberação de verbas, no entanto, ainda não se concretizaram, agravando ainda mais a situação de quem perdeu tudo.

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Em Abelardo Luz, município que faz divisa com o Paraná, mais de 3 mil pessoas foram atingidas pela ventania da noite de segunda-feira. Pelo menos 52 moradores tiveram as casas totalmente destruídas.

No ginásio de esportes municipal, quatro famílias permanecem alojadas. Elas trouxeram tudo o que restou depois da chuva, incluindo uns poucos móveis, eletrodomésticos, utensílios de cozinha e algumas roupas.

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O auxiliar de serviços gerais Jair de Freitas teve de abandonar às pressas o porão onde morava com a mulher e três filhos. "A água inundou tudo e a casa ameaça desabar. Agora, estamos sem nada", contou o ex-agricultor, que trocou o campo pela cidade para trabalhar de pedreiro, mas teve de parar por causa de uma cirurgia no joelho. Sem ter o que fazer, ele conta que não sabe como vai manter a família daqui para frente.

Drama semelhante vive Janete Padilha, que também foi levada para o abrigo depois que sua casa foi arrasada. "Só conseguimos salvar o fogão e dois sofás. O resto se perdeu", disse ela, que tem quatro filhos, sendo o mais novo um bebê de dois meses.

A renda da família não chega a um salário mínimo, dinheiro que vem do trabalho do marido, que é pedreiro. Apesar da pobreza, ela não conta com ajuda de programas sociais do governo. O benefício do Bolsa Família que recebia foi bloqueado há sete meses, sem que ela sequer saiba o motivo. "Agora, esse dinheiro está fazendo muita falta", lamenta.

O mesmo problema sofre o casal Valmir e Marizete de Souza, que vivem no bairro mais pobre do município, com quatro filhos. O vento arrancou o telhado do barraco de compensado, que foi coberto por uma lona. Ajudante de pedreiro, o ganho mensal não chega a um salário mínimo, pois recebe por dia e quando chove não há trabalho.

"Teve mês em que só ganhei R$ 50", conta, ao lado da mulher, grávida do quinto filho. Mesmo vivendo na miséria, também não recebem o Bolsa Família, nem cestas básicas prometidas para os desabrigados. O pouco alimento que tinham se estragou no temporal e o almoço da família de sábado era só arroz.

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Os casos são acompanhados de perto pelo secretário de Infra­estrutura, Valdecir Teston, que se preocupa com a demora na liberação de verbas para o município, que teve o sistema de transporte e a economia prejudicados pela chuva, que arrasou estradas e pontes e colocou abaixo galpões e aviários.

"A situação é horrível. Foi uma catástrofe para Abelardo Luz, que é essencialmente agrícola e tem 48% da população vivendo no meio rural. Isso dificulta a assistência aos desabrigados, mas essas pessoas não podem esperar. Precisamos de ações imediatas dos governos para que elas tenham um mínimo de condição de sobrevivência", afirma.

Cohab pedirá R$ 21 milhões

A Companhia de Habitação (Cohab) de Santa Catarina encaminhará ao Ministério da Inte­gração Nacional projeto para ob­­ter a liberação de R$ 21 milhões. Se­­gundo a presidente da empresa, Maria Darci Mota Beck, os recursos serão destinados a mil famílias que perderam suas casas devido às fortes chuvas. A Cohab também doará dez casas a famílias de Guaraciaba, município mais atingido pela tragédia.

A chuva deu trégua ontem em todas as regiões de Santa Ca­­tarina, porém a Defesa Civil continua em alerta por causa do risco de deslizamentos.

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A previsão do instituto Epagri/Ciram é de que o tempo fique mais estável com aberturas de sol esta semana. Chuvas fracas devem ocorrer na segunda e terça-feira na grande Florianópolis, no Vale do Itajaí e no Litoral Norte. Até sexta-feira o indicativo é de chuvas pouco significativas no litoral e tempo firme no interior.

Levantamento da Defesa Civil feito na sexta-feira indica que os problemas meteorológicos no estado causaram prejuízo superior a R$ 211 milhões.