Em dois meses, Curitiba registra a quarta fuga de presos

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Desde fevereiro, os distritos policiais de Curitiba já registraram quatro fugas de presos. Só no 1º Distrito Policial, no centro da capital, foram duas. A última na noite de domingo (5), quando entre quatro e 17 detentos conseguiram escapar da carceragem. Até o início do ano, Curitiba não havia registrado nenhuma fuga em distritos policiais em mais de dois anos.

A carceragem do 1º DP, localizado na esquina das ruas André de Barros e Barão do Rio Branco, foi construída para abrigar dois detentos, pois possui apenas duas celas individuais. Um investigador que preferiu não ser identificado contou que no momento da fuga havia 35 presos no local. Esse investigador afirma que 17 fugiram. Outro policial afirma que foram dez fugitivos, mesma informação recebida pela OAB-PR. O superintendente da delegacia, Adolfo Rosevics, contou que foram quatro presos. A Polícia Militar, que geralmente presta apoio em situações de rebelião ou fuga, não tem registro da ocorrência.

Os fugitivos arrebentaram uma janela da carceragem para conseguir escapar por um terreno da Rua Barão do Rio Branco. Quatro policiais estavam de plantão no 1º DP na noite de domingo. Segundo Rosevics, os presos fugiram por um ponto cego do sistema de câmeras do distrito policial. A falha será corrigida em breve, prometeu o policial.

A delegacia tem quatro câmeras. As imagens captadas são exibidas simultaneamente em um televisor sem cores de cerca de 15 polegadas.

Na manhã desta segunda-feira (6), quinze detentos foram transferidos da carceragem. Rosevics afirma que estava com quatro presos no final desta tarde.

O superintendente diz que a superlotação foi um fato do final de semana, pois há dificuldade para remanejar presos. "Todos os que fugiram eram pequenos punguistas. Aqueles que oferecem mais risco, mandamos diretamente para unidades com melhor estrutura, como o Centro de Triagem II [localizado em Piraquara, região metropolitana de Curitiba]", declarou o policial.

Os cubículos

"Esses dois cubículos [as duas celas individuais] não tem segurança alguma, estão largados", comenta a presidente da comissão de direitos humanos da OAB/PR, Isabel Kugler Mendes. Segundo ela, a OAB realizou uma vistoria em dezembro na delegacia da região central de Curitiba. Um dos presos estava há mais de 20 dias esperando transferência.

Isabel afirma que, com "boa vontade" e "flexibilidade", daria para acomodar cinco pessoas em cada um dos cubículos. "Mais do que isso não é possível", opina.

Segundo a OAB, o 1º Distrito registra cerca de cem boletins de ocorrência por dia. O superintendente afirmou que a delegacia tem mais de 300 inquéritos abertos.

Outras fugas

Além do 1º DP, já foram registradas fugas no 3º e no 9º DPs, localizados respectivamente nos bairros Mercês e Santa Quitéria. A primeira fuga do ano se deu também no 1º DP, no dia 2 de fevereiro, quando sete presos fugiram.

Três semanas depois, 19 presas da carceragem feminina do 9º Distrito Policial fugiram. Suspeita de facilitar a fuga, uma policial foi presa.

Na madrugada de 19 de março os presos do 3ºDP conseguiram dobrar uma barra do teto da cela e seis fugiram. A carceragem tem duas celas, uma individual e outra para duas pessoas, mas no momento da fuga havia 19 pessoas presas no local.

Antes desses casos, a Delegacia de Furtos e Roubos e o 11º Distrito Policial, do bairro CIC, tiveram rebeliões. No caso da Cidade Industrial, um preso morreu e três ficaram feridos. Desde o dia 16 de janeiro, o governo descumpre uma decisão judicial de retirar todos os detentos do 11ºDP, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), para que a carceragem seja reformada.

No dia 9 de outubro do ano passado, a Divisão Policial da Capital, responsável pelos DPs de Curitiba, enviou circular avisando sobre a reativação das unidades carcerárias de Curitiba.