O Colégio Estadual Santa Felicidade, em Curitiba, volta às aulas na próxima segunda-feira (31), uma semana após a morte de um aluno de 16 anos assassinado por um colega de 17 durante a ocupação de estudantes contra as mudanças no ensino. Nesta sexta (28), às 14 horas, professores e funcionários se reúnem para definir como será a reabertura do Safel, como o colégio é chamado pela comunidade escolar. Nesta quinta (27), funcionários limpavam as salas para receber os estudantes. A escola foi desocupada horas depois do crime.
Em reunião no Núcleo Regional de Educação, ficou acertado que haverá reforço no quadro de psicopedagogos para tentar minimizar o impacto da tragédia no rendimento escolar dos cerca de 800 alunos do ensino fundamental e médio. O atendimento será feito principalmente com os alunos que estavam no colégio no dia da morte.
“A história do Safel agora está dividida em duas. Antes e depois desse dia 24 de outubro”, avalia o diretor do colégio, Luiz Carlos Bueno. “Antes, o que eu posso dizer é que o Safel era uma das melhores escolas públicas de Curitiba. Agora, só o tempo vai dizer o que vai ser da escola. A ferida está aberta”, lamenta Bueno.
Dez dias antes da ocupação dos alunos, em 14 de outubro, o Ministério da Educação divulgou a classificação geral do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em que o Santa Felicidade aparece na quinta melhor colocação entre as escolas públicas da capital. O bom resultado no Enem, afirma o diretor, é resultado do alto grau de envolvimento da comunidade escolar, que tem um perfil atípico para uma escola pública. “Há dois anos fizemos o levantamento do nível social das famílias dos nossos alunos e constatamos que 75% dos pais tinham ensino superior”, enfatiza Bueno. No ranking do Enem, a escola é considerada de nível socioeconômico alto.
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O adolescente morto a facadas, vítima de um desentendimento com um amigo de infância, não estava inserido no perfil dos pais com ensino superior. Mesmo assim, afirma o diretor, era um dos alunos mais interessados não só na melhoria da escola, mas também em aspectos sociais. “Ele foi um dos meus melhores alunos aqui no Safel. Ele lia muito, sempre estava com um jornal debaixo do braço. Era interessado em política e volta e meia vinha comentar comigo as notícias que via, me perguntar o que eu achava”, afirma Bueno, que em 2015 lecionou História e Sociologia na classe do adolescente. O rapaz era filho único de uma confeiteira e perdeu o pai quando tinha apenas 4 anos.
Uma das amigas mais próxima do adolescente afirma que o clima entre os alunos é de apreensão e tristeza para a volta às aulas. Ela afirma que o rapaz, mesmo tímido, era querido por todos os colegas do Santa Felicidade. “Eu vou sentir muita falta dele. Ele me esperava todo dia depois da aula para irmos embora. A gente volta para casa conversando e rindo e agora não vou mais ter essa companhia”, lamenta a estudante de 14 anos.
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