Equipamento que pode ser instalado dentro da lixeira lê volume de lixo e envia informações para caminhão de coleta| Foto: Divulgação/Compology

O dia e horário em que passa o caminhão do lixo é uma informação fundamental para qualquer cidadão. Mas essa dinâmica pode mudar. Uma startup sediada em São Francisco, na Califórnia, criou um sensor capaz de identificar o volume de lixo depositado nas lixeiras e mandar a informação em tempo real para a gestora do serviço. Assim, a coleta pode ser priorizada diariamente onde há mais demanda e não de acordo com uma tabela fixa de horários.

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Além de mudar a rotina das pessoas em relação à geração de resíduos, esse dispositivo criado pela Compology promete atenuar um cenário de gastos bilionários da sociedade com coleta de lixo. Relatório do Banco Mundial publicado em 2012 mostrou que o planeta gastava 205 bilhões de dólares por ano (mais de R$ 700 bilhões) com a coleta e tratamento de lixo, custo que poderá subir para US$ 375,5 bilhões em 2025 caso não haja queda no ritmo de geração de lixo e mudanças em métodos de tratamento.

Em entrevista ao portal Government Technology, site especializado em soluções inteligentes para gestão pública, Jason Gates, co-fundador da Compology, disse que o sensor da sua companhia reduz em até 40% os custos da operação de coleta de lixo. A Universidade de Santa Cruz e empresas privadas da Califórnia já fazem uso do sistema. A ideia é que o caminhão coletor faça suas viagens priorizando as ruas onde há mais lixo. Conforme a demanda aumenta, as demais vão sendo incorporadas ao itinerário da equipe de coleta.

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Além disso, o equipamento da Compology permite a formação de históricos de geração, o que pode servir de ponto de partida para campanhas direcionadas à redução e à reciclagem de lixo.

Essa não é a primeira solução inteligente pensada para a coleta de lixo. Mas a diferença do sensor da Compology para outras lixeiras inteligentes é que não há necessidade de substituir o coletor. Os equipamentos da empresa Bigbelly, por exemplo, também são capazes de informar a quantidade de resíduos depositada neles. Essas lixeiras ganharam o mundo após serem instaladas em ruas de Nova Iorque e hoje estão em países como Alemanha, Dinamarca, Inglaterra e também na Rua Oscar Freire, em São Paulo.

Redução é ainda mais importante

Apesar de prometer reduzir custos, sozinhos, equipamentos como o da companhia californiana não enfrentarão os desafios da gestão de resíduos urbanos nas grandes e médias cidades. O relatório do Banco Mundial sobre o assunto apontou que a alta dos custos está diretamente ligada ao ritmo de crescimento dos volumes de lixo gerados pela sociedade. Atualmente, segundo o órgão, 1,3 bilhão de toneladas são geradas anualmente. Para 2025, essa cifra deverá praticamente dobrar, atingindo 2,2 bilhões de toneladas.

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Reportagem da Gazeta do Povo publicada no último dia 26 de abril, mostrou que municípios americanos que adotaram a cobrança pelo serviço de coleta de lixo na modalidade pay-as-you-throw (PAYT) tiveram uma redução de 14% a 27% no volume de lixo gerado. A ideia é simples: quanto mais você gera, mais você paga. Mexendo no bolso, as pessoas passaram a reduzir o volume de lixo gerado. Aqui no Brasil, entretanto, menos da metade dos municípios cobra pela coleta e a maioria o faz de forma vinculada ao IPTU, o que faz com que a conta do lixo não fique muito clara para o cidadão.