O número de escolas estaduais que podem fechar em 2016 não é 150 – como aventou a APP-Sindicato – nem 71, como o governo do Paraná chegou a anunciar. A Secretaria de Estado de Educação (Seed) avalia que, no máximo, 40 estabelecimentos terão as atividades encerradas. A situação deve ser definida até o final de novembro, depois de consulta às comunidades e aos gestores locais. As informações foram repassadas na manhã desta segunda-feira (26), em uma coletiva de imprensa.
A secretária estadual de Educação, Ana Seres Trento, estava com o governador Beto Richa (PSDB) na entrega da premiação do programa Agrinho e quem deu explicações aos jornalistas foi a superintendente de Desenvolvimento Educacional da Seed, Vanda Dolci Garcia. Ela afirmou que estudos técnicos embasaram a intenção de encerrar atividades em algumas escolas. Os diretores começaram a ser comunicados em setembro e os Núcleos Regionais de Educação (NREs) têm até o final desta semana para encaminhar um parecer local sobre os impactos do possível fechamento. Como alguns documentos já chegaram indicando a impossibilidade do remanejamento de estudantes, professores e funcionários para outros locais, o governo estima que não será possível fechar as 71 escolas – e sim, no máximo, 40.
Depois da avaliação técnica – em que apenas números são considerados (confirma no texto abaixo) – os casos são analisados do ponto de vista do impacto local, ouvindo a comunidade, pondera a superintendente, assegurando que há a preocupação com o viés pedagógico e de recursos humanos. “Já sabemos, por exemplo, que não será possível fechar uma determinada escola de campo pMorque os professores vão com o transporte escolar”, comenta.
Das 71 unidades com risco de fechamento, 31 seriam escolas de campo (em área rural), com turmas de 3 a 25 alunos, que poderiam ser remanejados para outra escola rural, servida pela mesma linha de transporte escolar. Em algumas localidades, o prédio deve ser cedido para uma escola municipal, principalmente por causa da exigência de oferta obrigatória de vagas para crianças de 4 e 5 anos. A Seed evita falar em redução no número de servidores, alegando que, em alguns casos, somente os cargos de direção seriam extintos.
Também está em avaliação o fechamento de unidades de Educação de Jovens e Adultos (EJA), que teriam sofrido drástica redução na procura – seriam 30 mil alunos a menos. Complementam a lista as escolas que funcionam em prédios alugados. Na lista também estão sedes de Núcleos Regionais de Educação (NREs). A economia, caso as estruturas fossem remanejadas para imóveis públicos, seria de R$ 1,5 milhão mensais. Ao todo, 109 escolas e estruturas públicas funcionam em imóveis particulares, mas na grande maioria dos casos o remanejamento não seria viável.
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Leia a matéria completaA Gazeta do Povo solicitou a lista com o nome das 71 unidades, mas até o momento a listagem não foi repassada. A Seed também ainda não informou qual seria o número de estudantes e funcionários impactados pelas possíveis mudanças. O calendário de matrículas começa em novembro e as rematrículas (de alunos que já estão na rede estadual) devem acontecer em janeiro e fevereiro.
Números
No comparativo com o ano anterior, a queda no número de matrículas é de 3% nas séries finais do ensino fundamental e de 1% no ensino médio. Contudo, há uma projeção de aumento na procura pelo 6º ano (antiga 5ª série), por causa da idade de corte para ingresso na educação básica implantado em 2008. Nessa faixa etária, o número de estudantes na rede estadual deve passar de 140 mil neste ano para 151 mil em 2016. Por causa da crise econômica, o sistema estaria sentindo os impactos da migração de alunos de escolas particulares para a estrutura pública. Contudo, houve uma evasão considerável durante a greve, com alunos se transferindo para a rede privada por temer prejuízos no ano letivo.
Seed garante que critérios foram técnicos; confira as explicações
A superintendente de Desenvolvimento Educacional da Seed, Vanda Dolci Garcia, declarou que a análise do fechamento de escolas acontece todos os anos e, portanto, não seria uma novidade. No início de 2015, o governo do Paraná encerrou as atividades em 2,5 mil turmas – o número total no estado passou de 38 mil para 35,5 mil.
Vanda destacou que a análise leva em consideração três eixos. Num primeiro momento, foram computados os indicadores educacionais de cada escola, como número de matrículas, abandono e rendimento. A fase seguinte avalia os movimentos demográficos, como reduções populacionais, migrações e instalação de novos conjuntos habitacionais, por exemplo. O terceiro aspecto considera as instalações físicas de cada escola, considerando se há salas ociosas ou pouco ocupadas, se existem outros estabelecimentos com vagas a pouca distância e se as condições dos prédios são adequadas, com sanitários e laboratórios. A Seed assegura que, nas áreas urbanas, o deslocamento máximo deve ser de até dois quilômetros.
O governo também garante que irá respeitar a resolução que fixa o número máximo de alunos por turma em 30 a 35 alunos no ensino fundamental e de 35 a 40 no ensino médio. O levantamento de espaço teria indicado um grande número de salas ociosas – seriam, por exemplo, 50 apenas na região central de Maringá. “E há escolas por perto”, reforça Vanda. (KB)
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