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Conheça a história do polêmico marquês do Paraná... que nunca pisou no Paraná

Marquês do Paraná: incestuoso , a favor da pena de morte e da escravidão e  suspeito de enriquecimento ilícito | Auguste Sisson/Acervo Museu Paranaense
Marquês do Paraná: incestuoso , a favor da pena de morte e da escravidão e suspeito de enriquecimento ilícito (Foto: Auguste Sisson/Acervo Museu Paranaense)

O mineiro Honório Hermeto Carneiro Leão ganhou o título de Marquês do Paraná sem nunca ter pisado no território paranaense. Incestuoso , a favor da pena de morte e da escravidão, ainda pairava sobre ele a suspeita de enriquecimento ilícito. Grande parte de sua vida pública foi construída na sede da Corte imperial brasileira, no Rio de Janeiro. Membro do Partido Conservador, ocupou cargos como o de “primeiro-ministro”, ministro da Justiça e da Fazenda, senador vitalício e presidente provincial.

Em quase 30 anos de vida pública, que durou de 1829 até sua morte em 1856, ele jamais fez qualquer pronunciamento favorável ao fim da escravidão. Pudera, tinha quase 200 escravos trabalhando em sua fazenda com mais de 190 mil pés de cafés na região onde hoje é a cidade de Além Paraíba, em Minas Gerais. Durante esse período, o debate abolicionista ganhava força no Brasil – em 1850 foi aprovada a Lei Eusébio de Queiroz que proibia o tráfico de escravos para o país.

O enriquecimento de sua família dependia da força de trabalho dos escravos. “Leão se beneficiava dos escravos. Ele costumava falar que eram os escravos que faziam a riqueza da nação”, afirma o pesquisador Eduardo César Werneck, que escreveu o livro O Marquês do Paraná – A vida pública e privada de ‘El Rei’ Honório Hermeto Carneiro Leão.

No Brasil imperial, a pena de morte estava diretamente relacionada à escravidão. Pelo código criminal, três eram os crimes capitais: a insurreição de escravos, o homicídio qualificado e o homicídio com roubo. “Leão sempre fez vistas grossas a essa questão”, comenta o pesquisador. A pena de morte só deixou de existir nas leis brasileiras em 1891, com a aprovação da Constituição da República.

Além disso, já ocupando um dos mais elevados cargos do Brasil Imperial, o de presidente do Conselhos dos Ministros, equivalente a um primeiro-ministro (entre os anos de 1853 e 1856), foi convocado a explicar aos membros da Assembleia a surpreendente evolução patrimonial. O Marquês não pestanejou ao afirmar com a maior naturalidade que sua esposa ganhara duas vezes na loteria. “É muito difícil que a história que ele contou fosse verdadeira. Mas mesmo que tenha essa suspeita, nunca se provou o suposto desvio de dinheiro público”, conta Werneck.

O título de visconde e, posteriormente, marquês do Paraná veio como dupla homenagem pela sua luta para que o Paraná se emancipasse de São Paulo em 1853. Também deve o título ao êxito na sua missão ao Rio da Prata em 1851. “Ele era favorável à divisão do território brasileiro”. Mas, pelos relatos da história, Leão nunca se interessou em conhecer a província que ajudou a criar.

Lançamento do livro

O livro O Marquês do Paraná – A vida pública e privada de ‘El Rei’ Honório Hermeto Carneiro Leão Eduardo, de Eduardo Werneck será lançado em Curitiba no próximo dia 21, às 19h30, na sede do Museu Paranaense, na Rua Kellers, 289, São Francisco, Curitiba. O preço da obra é R$ 80.

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