MEU QUERIDO BELMIRO
Estou falando em nome de nossa Academia Paranaense de Letras, transmitindo o sentimento de pesar da presidente Chloris Casagrande Justen e de todos os seus colegas da tradicional Casa de cultura.
Sua família, seus amigos, seus leitores, seus conhecidos, aqueles que tiveram a oportunidade e o prazer da convivência, ainda que efêmera, todos nós estamos vivendo o pesadelo de seu passamento.
Os momentos de tristeza pela anunciada saudade do ser humano inigualável são também os momentos de reconhecimento pela obra que você produziu no itinerário de sua fecunda vida.
ï· Bacharel em Direito pela Universidade do Rio de Janeiro (1964);ï· Mestre em Administração Pública pela Universidade do Sul da Califórnia;ï· Doutor em Filosofia (PhD), na mesma Universidadeï· Estágio Métodos Modernos de Gestão das Empresas, concedido pelo Governo da França.
MAGISTÉRIO E CONSULTORIAï· Professor Titular da Universidade Federal do Paraná e de outras instituições de ensino superior;ï· Membro de dezenas de bancas de exame em curso de mestrado, doutorado e livre docência em diversas instituições universitárias.ï· Estágio Métodos Modernos de Gestão das Empresas, concedido pelo Governo da França;ï· Estágio de Reciclagem promovido pelo Governo francês (1974).
ATIVIDADES NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAValeram muito a sua experiência e a sua contribuição no cargo de Secretário de Estado do Paraná na área de Planejamento durante os governos de Jayme Canet Junior (1974-1979) e José Richa (1983-1984) e da Educação, no Governo Álvaro Dias (1987-1988).
ATIVIDADES NA ADMINISTRAÇÃO PRIVADAï· Diretor Superintendente e Diretor Internacional do Banco Bamerindus do Brasil S/A e consultor de várias empresas e organizações não governamentais.
O INGRESSO NA ACADEMIA PARANAENSE DE LETRASCom imensa alegria e orgulho recebi o seu convite para saudá-lo como membro da Academia Paranaense de Letras, para ocupar a Cadeira 29, sucedendo Helena Kolody. Já tive oportunidade de dizer, que"A poesia de Helena Kolody é feita com a linguagem da alma e o cinzel da memória."Em seus versos a palavra é sinal de vida, símbolo da paixão, ponto de encontro do sonho com a realidade"
E é justamente de nossa imortal poetiza que eu recolho um trecho de seu poema "Anoitecer", quando diz:
AMIUDAM-SE AS PARTIDAS...// TAMBÉM MORREMOS UM POUCO// NO AMARGOR DAS DESPEDIDAS. // CAIS DESERTO , ANOITECEMOS ENLUARADOS DE AUSÊNCIAS.
O PENSADOR, O CRÍTICO E O ESCRITOR
BELMIRO VALVERDE não somente pensa os problemas da administração pública e privada. Ele critica, também, com autoridade científica e funcional, as mazelas de uma e outra.
Centenas de artigos publicados aos domingos na Gazeta do Povo, vários outros no Caderno de Ideias, participação em conselhos editoriais; textos acadêmicos e atividades comunitárias são exemplos de uma vida dinâmica e fecunda. Ninguém melhor, no jornalismo paranaense, fustigou com inteligência e ironia, a comédia dos erros humanos, o câncer da corrupção e a praga da burocracia que tantos males vêm causando ao país, à nação e aos cidadãos de um modo geral.
Um valioso material crítico se contém no livro O Brasil não é para amadores: Estado, Governo e burocracia na terra do jeitinho, em boa hora reeditado pela valorosa Travessa dos Editores. Em sua produção bibliografia há outros trabalhos relevantes, ora em coautoria (Estado e Administração Pública: Reflexões, 1987), ora em obra coletiva: Mapa geral de ideias e propostas para a nova Constituição (1987) e A reengenharia do Estado brasileiro (1995).
Publicamos, juntos, a seleção de crônicas por nós assinadas durante anos na Gazeta do Povo, cujo, título, escolhido por você, bem demonstrava a inteligência e o sabor da ironia. A coletânea é chamada "Crônicas politicamente inconvenientes e outras nem tanto".
Ao recordar a figura, fraterna e imensa de BELMIRO VALVERDE JOBIM CASTOR, ao lembrar suas palavras escritas com alegria e inteligência e ao revisitar parte de sua valiosa história de vida, eu me sinto como Carlos Drumond de Andrade:
"Do lado esquerdo carrego meus mortos./ Por isso caminho um pouco de banda".
QUEM PERDEMOS
Vale repetir as palavras de DANTE MENDONÇA em seu artigo de hoje na Tribuna do Paraná intitulado "Quem perdemos": "Não fosse pela falta de palavras nestes momentos, dizer que Belmiro vai fazer falta é um lugar comum (...) Na companhia dos amigos, no amparo dos desassistidos, na página de jornal e como já escreveu o jornalista Celso Nascimento, vai nos fazer falta "sua inteligência desconcertante, seu humor refinado, a abrangência sideral de seus conhecimentos, sua firmeza de caráter, sua incrível capacidade para compreender o mundo e a alma humana".
UMA NOTÁVEL OBRA EM CURSO
Há textos já publicados; há entrevistas já gravadas; há um universo de boas ações já identificadas. Mas, além de tudo, existe, ainda, uma obra de BELMIRO em franco desenvolvimento, com a indispensável colaboração de sua amada esposa Elisabeth. É a fecunda e missionária instituição de solidariedade humana e social que o espírito religioso do casal e a admiração pelo sumo pontífice, deram o nome de CENTRO DE EDUCAÇÃO JOÃO PAULO II.
Certamente o apoio das pessoas de bem e a ajuda divina não faltarão neste momento para que a nossa querida Elisabeth possa manter essa generosa e relevante iniciativa do mais sensível interesse público. Esse é um legado material e espiritual que orgulha a sua família.
O amor pelas crianças necessitadas não pode morrer.
TÁCITO, o historiador romano antes de Cristo (55-120) disse muito bem:"A morte é igual para todos; a diferença está no esquecimento ou glória de cada um relativamente à posteridade".
Oração pronunciada em 31.03.2014, à beira do túmulo onde foi sepultado o corpo do confrade Belmiro Valverde Jobim Castor.
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