Índios da Raposa Serra do Sol, em Roraima, fazem "patrulhas" contra garimpeiros em áreas da reserva onde a atividade continua a ser exercida, apesar de ilegal. O garimpo de ouro e diamantes na reserva ocorre principalmente em áreas próximas à fronteira com a Guiana Inglesa e a Venezuela.
Segundo o índio wapichana Aldenir Cadete de Lima, coordenador do Conselho Indígena de Roraima na reserva Raposa Serra do Sol, comunidades que vivem próximas às regiões de fronteira se revezam semanalmente no patrulhamento de áreas exploradas pelos garimpeiros. "Eles andam pelas matas e quando encontram alguma coisa a gente avisa a Funai", afirmou.
Apesar da fiscalização constante dos macuxis, etnia predominante na Raposa Serra do Sol, são comuns casos de índios que trabalham na extração ilegal por conta própria ou para brancos. O G1 conversou com um na reserva São Marcos, vizinha à área indígena de Raposa Serra do Sol, que trabalha em um garimpo próximo à Guiana Inglesa.
A área de extração fica na região de Urucá, próxima à cidade de Uiramutã um enclave com 7.400 habitantes a 160 quilômetros da Vila Surumu, porta de entrada da Raposa Serra do Sol. Estarlison Simão, de 19 anos, da etnia macuxi, disse que anda três horas na mata fechada e em região de serra para chegar à área de extração ilegal. Em geral, leva 20 quilos de equipamentos nas costas.
"Eu trabalho lá com meu tio. A gente fica em sete pessoas, passa a semana garimpando ouro", disse ao G1. Sem a mecanização, é possível retirar do garimpo até três gramas de ouro por dia, o equivalente a R$ 120. "É melhor do que trabalhar na roça", disse.
Simão sabe que o garimpo é ilegal. De acordo com ele, há também brancos e outros grupos de índios que trabalham na extração ilegal na região do Urucá. "Mas é pouquinha gente. Às vezes tem 30 pessoas", afirmou.
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