O inquérito que investiga a morte da adolescente Tayná Adriane da Silva, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, deve voltar para a Polícia Civil. O promotor Paulo Sergio Markowicz de Lima, um dos membros do Ministério Público do Paraná (MP-PR) que atua no caso, explica que assim que os quatro suspeitos forem libertados a investigação será devolvida para a autoridade policial.

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"A polícia tem trinta dias para concluir as investigações, mas acreditamos que, no ritmo em que estão acontecendo, eles nos remetam (o inquérito) até antes", afirmou o promotor em coletiva na sede do MP-PR, na manhã desta segunda-feira (15). Essa nova rodada de investigação é necessária porque, até o momento, não há provas que efetivamente acusem os suspeitos ou que indiquem a participação de outras pessoas no crime. Durante essa nova rodada de investigações, podem ser solicitados pedidos de prisão temporária ou preventiva de eventuais suspeitos.

"É importante que nós tenhamos bastante cautela porque temos a seguinte situação: uma confissão extrajudicial que está sendo questionadíssima quanto a sua validade e, de outro lado, tenho provas periciais que não estão confirmando essa confissão", resume.

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Pedido de liberdade

O promotor ainda explicou que o MP-PR protocolou um pedido de liberdade em caráter de urgência. Nesses casos, em 24 horas o juiz deve analisar o pedido. O documento foi protocolado na tarde de domingo (14) e não foi analisado pelo juiz de plantão, que alegou não conhecer suficientemente o caso. O processo foi encaminhado à juíza responsável pelo caso, Aline Passos, que deveria recebê-lo assim que o expediente abrisse, ao meio-dia.

No entendimento do MP-PR, a manutenção da prisão de um suspeito só pode ser feita se há elementos que certifiquem a autoria do crime. No caso da morte de Tayná, além de os acusados alegarem a confissão do crime sob tortura, as provas periciais não os incriminam diretamente. "Nós resolvemos ter essa cautela e pedir a liberação deles nesse momento", afirma.

Os quatro suspeitos podem, inclusive, entrar para um programa de proteção de testemunhas. Isso ocorre porque, apesar de ainda não terem sido descartados como suspeitos no caso de homicídio, foram vítimas de tortura e relataram ter recebido ameaças nesse processo. Nesse caso, o MP-PR deve decidir ainda nessa tarde se eles receberão um apoio especial após serem soltos.

Entenda o caso

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A adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, desapareceu no dia 25 de junho quando voltava da casa de uma amiga, nas proximidades de um parque de diversões, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. O corpo da menina foi encontrado no dia 28 de junho. Três dos quatro suspeitos, presos no dia anterior, confessaram ter estuprado e matado Tayná. Um deles não teria participado diretamente do crime. No mesmo dia, o parque de diversões foi depredado e incendiado por moradores da região.

No dia 2 de julho, a perita do Instituto de Criminalística, Jussara Joeckel, afirmou que a adolescente poderia não ter sido violentada, contrariando a tese inicial das investigações. Mesmo com as contradições, a Polícia Civil finaliza o inquérito no dia 5 de julho com a conclusão de que os quatro suspeitos estupraram e estrangularam a adolescente. Porém, no dia 9 de julho o resultado de exame de DNA indicou que o sêmen encontrado na calcinha da garota não é compatível com o material genético de nenhum dos quatro acusados.

Este laudo gerou uma mudança no comando da investigação policial do crime, que já contava, desde a conclusão do inquérito pela delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, com a participação do Ministério Público. O laudo também motivou uma visita da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR aos suspeitos, que relatavam que foram torturados pela polícia para confessar os crimes.

Na sexta-feira (12), o MP afirmou que os indícios coletados relacionam os suspeitos presos ao crime. Mas, neste domingo, o promotor Paulo de Lima se manifestou em sentido contrário, afirmando que as provas presentes no inquérito não sustentam uma denúncia e pedindo a soltura dos suspeitos pelo crime. Nesse meio tempo, no sábado, o até então advogado de defesa dos suspeitos presos, Roberto Rolim de Moura Junior, foi destituído, sendo substituído por Andrey Salmazo Poubel.

Nesta segunda-feira (15), o ex-defensor afirmou que foi hostilizado durante o depoimento de seus então clientes na Sesp.

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