Os inquéritos militares que investigam a ação de PMs nas mortes violentas de dois jovens em Curitiba, do pedreiro Édson Elias dos Santos, 28 anos, no Largo da Ordem, e do carregador Felipe Osvaldo da Guarda dos Santos, 19 anos, no bairro Umbará, seguem em sigilo. As duas mortes ocorreram em menos de uma semana e em ambas as famílias contestam as versões da polícia, alegando que houve abuso e truculência.
A morte de Felipe aconteceu na madrugada de domingo (25), no bairro Umbará, e a família do carregador afirma que ele foi morto por aproximadamente 30 tiros. A versão policial informa que os PMs foram atender a um alerta de veículo furtado e o carregador reagiu atirando contra os policiais.
O pedreiro Édson foi morto no sábado de carnaval (17), com oito tiros, no Largo da Ordem. A polícia afirma que o pedreiro estava armado e atirou contra os PMs, mas testemunhas afirmam o contrário. Nos dois casos foram instaurados inquéritos para investigar a ação dos policiais.
Na última sexta-feira (23) os policiais envolvidos no caso do Largo da Ordem foram ouvidos no 12º Distrito Policial, em Santa Felicidade, onde o delegado Jairo Estorilio, que foi designado para comandar o inquérito era titular. O delegado não acompanhou os depoimentos. O conteúdo também não foi repassado à imprensa.
Segundo o tenente Carlos Vieira Heberli, do 13º Batalhão, que comanda o inquérito para investigar a morte violenta no Umbará, nem tudo pode ser repassado para a imprensa, para que os depoimentos das testemunhas não sofram influências.
"O inquérito tem toda uma seqüência e é sigiloso, não podemos divulgar muitas coisas, mas queremos terminar a investigação no prazo de 40 dias. Talvez ultrapasse um pouco em razão do resultado dos laudos que vamos pedir", explicou o tenente Heberli.
De acordo com o oficial, a seqüência do inquérito é primeiro ouvir o ofendido (a vítima), depois os indiciados (os quatro policiais envolvidos) e depois as testemunhas. "Como não podemos ouvir a vítima que foi morta, vamos primeiro ouvir os policiais e depois as testemunhas", esclareceu. No entanto, o tenente não afirmou em qual data os PMs envolvidos serão ouvidos.
"O que será falado durante os depoimentos também não pode ser divulgado. Enviamos um ofício para que um promotor do Ministério Público (MP) acompanhe o inquérito e estamos esperando a resposta", definiu o tenente.
Especialistas ouvidos pelo telejornal ParanáTV 1ª edição afirmam que em ambas as mortes envolvendo os PMs e os jovens, a não preservação do local do crime prejudica a investigação e favorece as versões contraditórias entre a PM e as testemunhas.