A morte envolvendo o carregador Felipe Osvaldo da Guarda dos Santos, de 19 anos, no bairro Umbará, em Curitiba, cometida por policiais militares da viatura 6885 da equipe de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) será investigada por um Inquérito Policial Militar, comandado pelo 13º Batalhão da PM. Santos foi enterrado na tarde desta segunda-feira. Após o sepultamento, parentes e amigos fizeram um protesto. Os manifestantes colocaram fogo em pneus e bloquearam uma das ruas mais importantes do bairro.
A morte do carregador foi a segunda violenta envolvendo PMs em menos de uma semana. No sábado de carnaval (17) o pedreiro Édson Elias dos Santos, 28 anos, foi morto com oito tiros no Largo da Ordem em Curitiba.
Segundo reportagem do jornal Gazeta do Povo, a morte de Felipe Osvaldo da Guarda dos Santos aconteceu na madrugada de domingo (25), após uma abordagem policial, no bairro Umbará. A família do carregador afirma que ele foi morto por aproximadamente 30 tiros e não teria reagido à prisão. Santos foi atingido dentro do carro que dirigia, a cerca de 100 metros da sua residência.
O inquérito militar para investigar o caso será comandado pelo tenente Carlos Vieira Heberli, do 13º Batalhão. "Hoje (26) já tem início o inquérito e vamos começar a ouvir os policiais envolvidos", afirmou o tenente Heberli. De acordo com o oficial, os quatro policiais da Rotam que participaram da abordagem já foram afastados das atividades policiais.
O prazo para o inquérito ser finalizado é de 40 dias, podendo ser prorrogado por mais 20 dias, caso seja necessário. "Recebi a documentação enviada pelo comandante da Rotam, mas ele não estava no local da ocorrência. A partir destes fatos vamos começar os procedimentos investigativos", explicou o tenente.
"Vamos ouvir os policiais envolvidos e as testemunhas. Ainda não apuramos quantos tiros foram disparados pelos policiais e se houve troca de tiros. O que sei era que a vítima tinha passagens pela polícia e tinha um mandado de prisão. O que chegou até mim, por enquanto, era que os policiais abordaram um veículo que tinha um alerta de roubo. Na abordagem uma pessoa que estava no carro começou a atirar", afirmou Heberli.
Santos, que foi morto pelos policiais, tinha antecedentes de roubo, homicídio e roubo de veículos, de acordo com o tenente do 13º Batalhão.
No entanto, testemunhas discordam das informações da PM. "O carro que Felipe dirigia era da mãe dele, não era roubado. Ele também não atirou em policial nenhum, os PMs jogaram um revólver calibre 38 dentro do carro para dizer que Felipe estava armado", acusa um amigo de Santos.
Largo da Ordem
O pedreiro Édson Elias dos Santos, de 28 anos, foi morto com oito tiros - seis nas costas e dois pela frente na região do abdome, por policiais militares no sábado de Carnaval, dia 17. Esse é o resultado do exame do Instituto Médico Legal (IML) divulgado na sexta-feira (23) pelo delegado Jairo Estorilio, que conduz o inquérito que investiga se houve abuso por parte dos policiais militares.
A versão oficial da PM é que os policiais foram chamados para atender uma suspeita de roubo de carro. Santos, que estava com mais duas pessoas, teria reagido à abordagem atirando. Entretanto, uma testemunha, que não quis se identificar por medo de represálias, negou que Santos estivesse atirado no momento da abordagem.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (Sesp), as investigações continuam e ainda não há mais novidades sobre o caso.
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