O procurador-geral de Justiça de Goiás, Eduardo Abdon Moura, solicitou que dois promotores da área criminal façam o acompanhamento de todos os fatos que levaram à morte do pedreiro Adimar Jesus da Silva, 40 anos. Moura também pediu ao promotor Ricardo Rangel, de Luziânia (GO), para assumir as investigações que correm na capital goiana.
Réu confesso do assassinato de seis jovens em Luziânia em janeiro deste ano, Adimar foi encontrado morto neste domingo (18), em uma cela da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denard) em Goiânia. O Ministério Público de Goiás vai investigar as circunstâncias da morte do maníaco.
Adimar foi encontrado por volta das 13h com um lençol amarrado ao pescoço, o que indicaria suicídio, segundo informações da delegacia. Uma perícia técnica começou a ser feita às 14h30 no local.
Em 2005, Adimar foi condenado a 10 anos de prisão por atentado violento ao pudor, mas recebeu, em dezembro, o benefício da prisão domiciliar. Preso novamente no dia 10 de abril, o pedreiro confessou o assassinato dos garotos - todos entre 13 e 19 anos - e ajudou a polícia a resgatar os corpos.
Laudo preliminar divulgado na quarta-feira pelo Instituto Médio Legal de Luziânia revelou que as vítimas foram executadas com extrema violência. Os rapazes sofreram traumatismo craniano profundo, "produzido por objetos contundentes".
Em agosto, antes de ser solto por já ter cumprido um terço da pena, laudo psiquiátrico feito em Adimar classificava o pedreiro como um "psicopata perigoso" que deveria ser "isolado".
Juiz rebate críticas
O juiz Luís Carlos de Miranda, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, responsável pela libertação de Adimar no final do ano passado, rebateu na sexta-feira as críticas de autoridades à sua decisão. "Qualquer senador, qualquer ministro vir a público falar o que não conhece, o que não sabe, para simplesmente falar que houve um erro, criticar sem conhecer a realidade do que está acontecendo, isso não é aceitável".
Entre os críticos do magistrado estão o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e senadores integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia.
Em nota, o presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, criticou o sistema carcerário. "Essa morte, seja por suicídio seja por homicídio, reacende a discussão sobre a fragilidade do sistema carcerário brasileiro. Um sistema, infelizmente, falho e desumano que acaba estimulando o crime ao invés de proporcionar a recuperação do apenado", disse.
Segundo Cavalcante, além da investigação sobre as circunstâncias que levaram o juiz Luís Carlos de Miranda liberar "um psicopata" será necessária uma outra, "para saber como esse psicopata, depois de assassinar seis garotos, morreu sob a vigilância do Estado".
"Duas falhas do Estado que mais o aproximam da lei da selva do que da lei dos homens. Chega de descaso e de explicações inexplicáveis. É hora de corrigir rumos sob pena de continuamos a assistir esse festival de omissão e de atentado contra a cidadania", concluiu a nota da OAB.
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