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Mansão cassino funcionava em imóvel de 2 mil metros quadrados, em Curitiba | Anderson Tozato / Tribuna do Paraná
Mansão cassino funcionava em imóvel de 2 mil metros quadrados, em Curitiba| Foto: Anderson Tozato / Tribuna do Paraná
  • Imóvel tinha suítes luxuosamente decoradas

O Ministério Público do Paraná (MP-PR) anunciou nesta segunda-feira (20) que a 11ª Vara Criminal de Curitiba acatou o pedido do órgão para suspender do exercício das funções públicas seis policiais civis e dois militares. Entre eles está o ex-delegado-geral da Polícia Civil do estado Marcus Vinícius Michelotto. Segundo o MP, a decisão foi dada na sexta-feira (17) e os policiais suspensos são todos suspeitos de envolvimento com a prática de jogo ilegal.

Conforme o MP, a medida é decorrente da Operação Abaité, feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do MP, e que teve 18 pessoas denunciadas à Justiça no último dia 7 de outubro. Eles foram acusados pela prática de crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e contravenção do artigo 50, da Lei das Contravenções Penais, relacionadas à exploração ilegal de jogos de azar em Curitiba e região metropolitana.

Além da suspensão do exercício de suas funções, segundo o MP, a 11º Vara Criminal também determinou "que todos os agentes públicos denunciados sejam proibidos de ingressar em qualquer repartição policial e de manter contato com as testemunhas arroladas pelo Gaeco até o final do processo" ou até decisão que revogue essa determinação.

Procurado às 18h25 desta segunda, o advogado do ex-delegado-geral, Rodrigo Sánchez Rios, disse que ainda não tem conhecimento completo da decisão, mas que irá tomar as medidas cabíveis à defesa de Michelotto.

A investigação

As investigações do Gaeco foram motivadas por uma operação realizada em janeiro de 2012, por policiais civis descontentes com as condições de trabalho e com o que classificavam de uma "crise de moralidade" na Polícia Civil. Eles invadiram uma mansão localizada no bairro Parolin, em Curitiba - que ficou conhecida como "mansão-cassino" -, onde funcionava um cassino clandestino. Há suspeitas de que o local também era usado para prostituição.

Cerca de um ano depois do início dos trabalhos pelo Gaeco, o empresário do local onde funcionava a mansão cassino, no bairro Parolin, afirmou que nunca havia explorado jogos ilegais. Segundo ele, quando houve a invasão, o imóvel estava sublocado para três pessoas.

O andamento das investigações levou à prisão temporária de Michelotto, em dezembro de 2013. Na ocasião, também foram presos, também temporariamente, dois investigadores, cinco policiais militares e outras quatro pessoas que não são agentes públicos, além de outro delegado: Geraldo Celezinski, que, à época em que o cassino foi descoberto, era titular do 5º Distrito Policial (DP).

Ainda detido, o ex-delegado geral teria negado, em depoimento, qualquer envolvimento no esquema.

Entenda o caso "mansão cassino"

Em 27 de janeiro de 2012, sem a presença de um delegado, policiais civis invadiram a mansão no Parolin, prenderam três pessoas e apreenderam 40 máquinas de caça-níqueis. A operação teria sido um protesto dos policiais pela aprovação do Estatuto da Polícia Civil. No início da tarde daquele mesmo dia, o comando da corporação classificou a operação como "miliciana e política".

De acordo com denúncia recebida pelos policiais que fizeram a operação sem o conhecimento do comando, a mansão funcionava todos os dias da semana, do início da noite ao amanhecer, com "movimentações de carros, motos e pedestres". O registro feito por eles à época descrevia o local como abrigo para tráfico de drogas, exploração sexual de adolescentes, jogos de cartas e exploração de caça-níqueis.

O resultado da operação foi uma crise institucional: o delegado-chefe da Polícia Civil, Marcus Vinicíus Michelotto, classificou os agentes envolvidos na ação de "milicianos"; já os policiais cravaram que a corporação passa por uma "crise de moralidade".

Cerca de um ano depois, apesar da existência de suítes luxuosamente decoradas no local, uma investigação da Polícia Civil concluiu que não havia exploração sexual na mansão cassino. A instituição, em fevereiro de 2013, ressaltou que o local era frequentado por idosos. A investigação também teria concluído que não houve o envolvimento de qualquer policial civil na exploração do jogo na mansão.

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