O pedreiro Édson Elias dos Santos, de 28 anos, foi morto com oito tiros - seis nas costas e dois pela frente na região do abdómen. Esse é o resultado do exame do Instituto Médico Legal (IML) divulgado nesta sexta-feira pelo delegado Jairo Estorilio, que conduz o inquérito. O número de tiros diverge do informado pela funerária que atendeu o caso. De acordo com a empresa, o pedreiro teria levado dezoito tiros.
Santos foi morto na madrugada de sábado por policiais militares no Centro Histórico de Curitiba. A versão oficial da PM é que os policiais foram chamados para atender uma suspeita de roubo de carro. Santos, que estava com mais duas pessoas, teria reagido à abordagem atirando. Entretanto, uma testemunha, que não quis se identificar por medo de represálias, negou que Santos estivesse atirado no momento da abordagem.
Na manhã desta sexta-feira, os seis policiais envolvidos no caso prestaram depoimento e segundo o delegado Jairo Estorilio, que comanda o inquérito, quatro atiraram no pedreiro. Os policiais teriam repetido a história de que Santos reagiu à abordagem atirando. Entretanto, ainda de acordo com Estorilio, os policiais disseram que ao chegar no Largo da Ordem viram dois homens tentando arrombar um carro e um terceiro próximo ao local.
No entanto, os dois suspeitos que tentavam arrombar o carro não foram presos. Eles teriam sido encaminhados para o 12.° Batalhão de Polícia Militar e liberados. O delegado disse que após a ocorrência ele foi até o Largo da Ordem, mas como o carro visado não estava mais no local e não havia testemunhas, os dois detidos assinaram termo circunstanciado e foram liberados. Ou seja, apesar da versão dos policiais de que dois estavam tentando arrombar o carro, o delegado optou por liberá-los. Perguntado sobre o motivo que não foi pedido o exame de resíduos de chumbo nas mãos do pedreiro, Estorilio disse que o exame não é confiável. "Poderia dar um falso positivo ou um falso negativo", resumiu. O exame no entanto poderia confirmar se Santos disparou ou não tiros contra a polícia, já que o disparo, normalmente, deixa resíduos de chumbo na mão de quem usa o revólver.
Além disso, disse o delegado, o corpo de Santos foi lavado no hospital Evangélico, o que dificultaria o exame. O pedreiro foi levado para o Hospital Evangélico, onde chegou morto. Ninguém da diretoria do hospital foi encontrado para comentar o assunto. O pedreiro assim como os dois homens que foram presos e depois libertados não tinham passagem pela polícia. O delegado adiantou que deve ouvir os dois homens novamente. O prazo para encerrar o inquérito é dia 21 de março, mas Estorilio acredita que em no máximo 20 dias termina o caso. Familiares de Santos também devem prestar depoimento.Veja em vídeo a entrevista com o delegado que cuida do caso e a arma que o pedreiro teria atirado contra os policiais.
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