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Entrevista

Legislação dá pouco espaço para inovação

Entrevista com Rafael Schechtman, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE)

A concentração do sistema elétrico nas mãos do Estado reflete a falta de inovação do setor, afirma Rafael Schechtman, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e doutor em Engenharia Nuclear pelo MIT, nos EUA. Veja trechos da entrevista concedida à Gazeta do Povo.

A dependência de Itaipu ainda é um problema?

Itaipu é responsável hoje por 20% da capacidade total do Brasil. É uma dependência grande, mas que tende a diminuir quando começarem a funcionar as usinas do Rio Madeira e a Hidrelétrica Belo Monte, em 2012 e 2014. A participação total de Itaipu vai cair, imagino que para uns 10% do utilizado no Brasil. O importante é que haja uma diversificação.

Qual deve ser a prioridade do governo em relação a investimentos no sistema de energia?

O ONS (Operador Nacional de Sistema) parece priorizar a questão de custo, em detrimento da confiabilidade. Na verdade, essas duas coisas devem ser analisadas juntamente. Agora, o que é importante é que o governo explique detalhadamente o que ocorreu durante o apagão de terça-feira, porque não pode um evento como um raio derrubar a energia em 18 estados.

Mas o sistema é seguro?

A qualquer momento existe 5% de probabilidade de a energia cair no Brasil. Esse é um número obtido pela análise de diversos eventos: o regime de chuvas, os níveis de reservatórios, e outros fatores. Esse risco foi ainda maior durante o governo FHC. O nível de 5% é muito parecido com o de outros países. Mas o problema é que o sistema brasileiro possui coisas novas sendo instaladas, junto com coisas velhas. De repente você pode descobrir que uma coisa não está ‘conversando’ com outra.

Em questão de tecnologia do sistema, qual é a situação do país?

A legislação brasileira ainda é muito engessada, há muito pouco espaço para inovação. Não é um mercado em que basta você ter um comprador e um vendedor e o Estado entra só para regular. Quase tudo fica na mão do governo, e não há competição.

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