É de uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo que herdamos o significado da palavra mausoléu, tida como sinônimo de sepulcro suntuoso. Foi de Mausolo, rei de Cária, na Turquia, a ideia de que um verdadeiro monumento fosse erguido em 353 antes de Cristo para albergar futuramente seu cadáver. Para isso, contratou os mais renomados arquitetos da época, Sátiro e Pítis, vindos da Grécia, além de escultores famosos como Ecopas, Leocarés, Briáxis e Timóteom para concretizar o projeto. Como faleceu antes do término da obra, sua viúva, a rainha Artemísia II, deu prosseguimento ao projeto.
O túmulo, em Halicarnasso, foi terminado em 350 a.C. e envolveu milhares de trabalhadores. O resultado foi uma construção retangular, com cinquenta metros de altura e que ocupava uma área de mais de 1200 metros quadrados. Sustentada por 36 colunas, erguia-se uma pirâmide de base quadrada. No topo uma escultura formada por um carro de duas rodas, puxado por quatro cavalos, trazia a imagem de Mausolo e sua esposa. Mármore, bronze e ouro foram usados na construção, que infelizmente não resistiu a um terremoto.
Foi pela monumentalidade da construção que a palavra mausoléu surgiu como designação de túmulos de grandes proporções. No Brasil, esse tipo de construção começou a ser utilizada no século 19 e foi empregada em cemitérios como o do Catumbi e São João Batista, no Rio de Janeiro. No Paraná, especialmente em Curitiba, os primeiros mausoléus datam do início do século 20. Uma das características desse tipo de edificação é a nominação do patriarca da família em sua fachada, enquanto os demais membros ali enterrados são mantidos sob anonimato. Os epitáfios ficam no interior da construção.
Para o antropólogo Antonio Motta, esse tipo de túmulo traduz o desejo de continuidade da família face à dispersão causada pela morte. Reunidos sob o nome do pai, os familiares reiteram sua origem genealógica e demarcam seu status de poder dentro da necrópole. Trata-se de um discurso visualmente construído para que a morte seja escamoteada e a permanência do indivíduo se mantenha por meio da edificação. É como se cada túmulo representasse a perpetuação do grupo familiar.
Um aspecto interessante da tipologia mausoléu é o papel que o morto ocupa dentro da construção. Ao contrário do nome em destaque na fachada, os sepultamentos geralmente são realizados no embasamento do edifício e o espaço de maior amplitude é a capela, composta por um altar e frequentada pelos familiares para a prática de orações. É um local de sociabilidade, tal qual a sala na casa ou o interior de uma igreja. Daí a similaridade encontrada entre os mausoléus, as casas e as igrejas.
As técnicas construtivas são as mesmas utilizadas nos edifícios urbanos e, em muitos casos, suas plantas foram planejadas pelos mesmos arquitetos que construíram a residência da família. É possível encontrar jardins cercando os mausoléus, balcões e varandas. Alguns já até receberam equipamentos como cercas farpadas em suas grades para garantir o descanso de seus ocupantes diante de ameaças de furto ou invasão.
Muitos mausoléus serviram para eternizar gerações inteiras de famílias abastadas e influentes. Outros tantos, para demarcar um espaço muitas vezes não conquistado no meio social. É a distinção tão buscada em vida, agora conquistada na morte.