Ajuda vai atrás dos usuários nas ruas
Uma iniciativa que se mostra promissora, de acordo com o coordenador de Saúde Mental, Álcool e Drogas do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado, é a implantação dos Consultórios de Rua.
Pena mais dura para usuários não é solução
Diante do crescimento do consumo de crack há quem defenda penas mais duras e até a volta da detenção de usuários, algo que a Lei Antidrogas (11.343/2006) eliminou. Hoje cerca de 20% dos presos que cumprem pena no Brasil o fazem por conta do tráfico de drogas.
Pesquisas vão orientar políticas
Neste ano, o governo federal parece ter acordado para o problema do crack. Novos investimentos na rede de atendimento foram anunciados para o tratamento de usuários e, ao menos, duas pesquisas devem lançar uma luz sobre as políticas públicas necessárias para combater a droga:
No mundo das drogas pessoas de diferentes idades têm um histórico parecido: começam com a maconha e o álcool, experimentam cocaína e, mais tarde, o crack. É como se fosse a sentença final de uma vida nas drogas, o ponto do limite da dignidade e da quebra de relações com a família e com a vida social. É o que a Gazeta do Povo mostrou ao longo desta semana com a série de reportagens sobre a droga.
Quanto tempo dá para viver assim? Essa é uma das grandes perguntas em relação ao crack no Brasil hoje. A dependência chega rápido. Segundo o médico psiquiatra José Leão de Carvalho Júnior, é na segunda vez de uso que ela se apresenta e leva a uma sobrevida média de quatro anos. "Se o paciente não morrer pela violência, normalmente morrerá por causas cardiológicas", avisa.
Em 2005, uma pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) estimou que a população usuária de crack no país seria de 600 mil pessoas, mas a mortalidade entre esses usuários é desconhecida. O único estudo disponível sobre o assunto é o dos pesquisadores Marcelo Ribeiro de Araújo e Ronaldo Laranjeira, da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que acompanhou 131 dependentes de crack em tratamento entre a década de 1990 e 2005.
Em 12 anos, 27 deles (20,6%) tinham morrido, principalmente por homicídio (16 pacientes). Uma taxa alta de mortalidade, mas muito mais motivada pela violência e a frágil situação socioeconômica dos usuários do que pelos efeitos da droga em si.
Violência
Na falta de estudos mais aprofundados e atuais, alguns números dão a ideia de quantas vidas são interrompidas por causa do crack. A delegada de Homicídios de Curitiba Vanessa Alice afirma que 90% dos crimes cometidos na capital e região metropolitana estão ligados direta ou indiretamente ao tráfico de entorpecentes, à briga por pontos e à cobrança de dívidas. Nesse aspecto, as 979 mortes violentas registradas pelo Instituto Médico-Legal no primeiro semestre deste ano 23% a mais que no mesmo período do ano passado e 35% a mais que em 2008 dão a dimensão do problema.
Ocorrências
Outro dado disponível é de um levantamento feito pela assistente social da Vara do Adolescente Infrator Adriana Accioly Gomes Massa. Ela revelou que dos 682 boletins de ocorrência feitos na Delegacia do Adolescente entre janeiro e 18 de junho deste ano, 9,23% foram por porte ou posse de drogas e 9,82% por tráfico. "São 20% dos atendimentos diretamente relacionados com as drogas, mas, de forma geral, 90% das ocorrências, entre furtos, roubos etc, têm a ver com o tráfico de drogas, e a maioria com o crack."
Na busca por uma saída do vício, mais de 6 mil pessoas deram entrada nos Centros de Atenção Psicossocial de Curitiba de 2009 para cá, a maioria buscando tratamento contra o crack. Quantos ainda continuam na luta, não se sabe. Boa parte desses pacientes tem recaídas no meio do tratamento e não aparece mais e a Secretaria Municipal de Saúde não faz um levantamento sistematizado dos atendimentos.
Interatividade
Qual a solução para resgatar os viciados e combater o tráfico de crack?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.
Governistas querem agora regular as bets após ignorar riscos na ânsia de arrecadar
Como surgiram as “novas” preocupações com as bets no Brasil; ouça o podcast
X bloqueado deixa cristãos sem alternativa contra viés woke nas redes
Cobrança de multa por uso do X pode incluir bloqueio de conta bancária e penhora de bens
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora