Os primeiros seis meses de 2015 registraram uma queda de 28,2% no número de assassinatos em Curitiba em comparação ao mesmo período do ano passado. É também a primeira vez em cinco anos que a quantidade de homicídios cai no comparativo mês a mês, em relação ao ano anterior, por tantos meses seguidos. A única vez em que fenômeno semelhante apareceu na estatística criminal da cidade foi em 2011, quando os primeiros quatro meses apresentaram queda do número de assassinatos em relação ao mesmo período de 2010. A reportagem da Gazeta do Povo teve acesso aos dados oficiais da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
É comum ver a droga como justificativa moral [para os homicídios]. O que mata é a guerra do tráfico.
Drogas x mortes
O coordenador do Centro de Estudos da Violência e Direitos Humanos da UFPR, Pedro Bodê, fez um alerta sobre os dados que apontam que usuários de drogas são vítimas de assassinatos. “É muito comum ver a droga como justificativa moral”, diz. Segundo ele, é preciso tempo e verificar durante os inquéritos a relação de causa detalhada. Bodê lembra que a morte ligada às drogas pode estar relacionada às disputas e nem sempre significam que um usuário sucumbiu em razão do consumo. “O que mata é a guerra do tráfico.”
Entre janeiro e junho de 2015, 219 homicídios foram cometidos na cidade. O último mês registrou 22 assassinatos, 45% a menos que no mesmo mês no ano passado, época em que a cidade estava protegida por cerca de 8 mil agentes das forças de segurança para a Copa do Mundo. Ainda assim, o índice de homicídios em Curitiba no ano passado foi de 30,5 para cada 100 mil habitantes – mais que o dobro do tolerável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que considera epidemia a média acima de 10 por 100 mil. O crime contra a vida é o principal parâmetro para medir a violência no Brasil.
Tendência
Os dados de Curitiba revelam uma tendência nova de queda se estabelecendo na capital. Também apontam para a redução tanto do número de vítimas usuárias de drogas quanto de traficantes, que chegou ao patamar mais baixo nos meses analisados.
Estratégia contra o crime
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Leia a matéria completaA estatística à qual a reportagem teve acesso revela que em 33 % dos 219 assassinatos ocorridos na capital as vítimas podem ser usuárias de drogas. O número absoluto do período é de 72 supostos usuários mortos. Essa informação inicial do perfil da vítima faz parte do começo da apuração em cada inquérito. Por vezes, o hábito é relatado por parentes da vítima ou conhecidos, e também conferido por policiais e por peritos que estiveram no local do crime.
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O delegado-chefe da DHPP, Miguel Stadler, pondera, entretanto, que nem sempre o motivo da morte está ligado ao fato de a vítima ser usuária de drogas. “Há vítimas que são, mas o vício não tem a ver com a motivação do homicídio”, comenta. O mesmo vale para pessoas que são suspeitas de tráfico de drogas e acabam vítimas de homicídio. Foram 28 neste ano. É o menor dado registrado em cinco anos nos primeiros cinco meses.
Morte à luz do dia
Pouco mais de 45% dos homicídios cometidos em Curitiba nos primeiros cinco meses deste ano ocorreram entre as 7 e 19 h. Desse total, 81% das vítimas foram mortas por tiros de arma de fogo.
Roubo cresceu
Recentemente, a reportagem da Gazeta do Povo mostrou que o número de assaltos aumentou em 40 bairros de Curitiba (53,5% do total) no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2014. Apesar de o número absoluto de roubos ter aumentado apenas 3% na cidade, alguns bairros – como Juvevê, Santa Cândida, Bacacheri e Fazendinha – viram o índice explodir. Os dados levam em conta apenas os casos registrados oficialmente, em boletins de ocorrência. No total, Curitiba somou 7.419 assaltos nos três primeiros meses de 2015: média de 81 pessoas roubadas ao dia (sete casos a cada duas horas).
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