A polícia prendeu nesta quinta-feira (8) oito suspeitos de participar das chacinas que aconteceram na Grande SP em agosto e setembro. Como o PM Fabrício Emmanuel Eleutério, 30, já estava detido desde agosto, são nove presos suspeitos de envolvimento nos crimes.
Nesta quinta, foram presos preventivamente um guarda civil municipal de Barueri e cinco PMs por causa da chacina que deixou 19 mortos nas cidades de Osasco e Barueri, na Grande SP, no dia 13 de agosto. As investigações também atribuíram a eles as mortes ocorridas a partir do dia 8, em Barueri e Itapevi, também na Grande SP.
Outros três policiais militares foram detidos pela chacina que deixou quatro mortos em Carapicuíba, no dia 19 de setembro. Eles tiveram a prisão temporária decretada - por 30 dias - por alterarem a cena do crime.
Os nomes dos suspeitos presos não foram divulgados. Um dos PMs teria sido detido em flagrante, já que os policiais da força-tarefa encontraram munição irregular em poder dele.
Balanço parcial da polícia aponta ainda que ao menos duas armas, capacetes e um celular foram apreendidos na operação desta quinta.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, a força-tarefa cumpre seis mandados de prisão e 28 de busca e apreensão em 36 lugares da Grande São Paulo. Os mandados foram expedidos pela Justiça Criminal de Osasco e pela Justiça Militar.
No total, 457 policiais participam da operação, sendo 201 policiais civis do DHPP e Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), e 256 policiais militares da Corregedoria da Polícia Militar, para a garantia da realização simultânea dos mandados judiciais.
Vítimas
Entre as vítimas da chacina, havia apenas uma mulher, a adolescente Letícia Vieira Hillebrand da Silva, 15, que morreu no dia 27 de agosto em decorrência de uma infecção abdominal. Todas as outras vítimas eram homens.
A principal linha da investigação é que tenha sido retaliação de policiais ao assassinato de um PM por bandidos que assaltavam um posto de combustível, no dia 8 de agosto.
A força-tarefa criada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) detectou indícios de ligação do crime com outros 13 assassinatos ocorridos nos cinco dias anteriores. Com isso, a apuração já trabalha oficialmente com a hipótese de um mesmo grupo ter matado 32 pessoas e deixado dez feridos em cinco municípios vizinhos entre si na região metropolitana: Osasco, Barueri, Carapicuíba, Itapevi e Santana do Parnaíba.
Único preso
Apesar de o governo de São Paulo ter prometido uma resposta imediata aos crimes, Fabrício Emmanuel Eleutério, 30, é o único detido até o momento pela série de crimes na Grande São Paulo.
O soldado da Rota é suspeito de integrar um grupo de extermínio, com atuação em Osasco, que chegou a ser investigado em 2013. Os advogados Nilton Nunes e Flávia Artilheiro, defensores de Eleutério, negam a participação do PM na chacina. Segundo eles, ligações telefônicas e conversas de Whatsapp feitas pelo soldado no momento dos homicídios provam sua inocência.
Os indícios contra Eleutério, contudo, perderam força ao longo de um mês e meio de investigação levando a PM a cogitar sua liberação. O rastreamento do carro e a quebra de sigilos telefônicos enfraqueceram as suspeitas da polícia contra Eleutério.
Em documento apresentado à Justiça Militar, a Corregedoria da PM escreveu que “a única prova de que dispomos é reconhecimento pessoal” e admitiu pedir “a imediata liberação do suspeito” se for demonstrado “não mais haver necessidade” da “medida cautelar privativa de liberdade”.
O “reconhecimento pessoal” citado pela polícia é de um suposto sobrevivente da chacina posto sob suspeição pela Justiça pelo fato de não terem sido apresentadas provas de que ele foi atacado nem de como a investigação conseguiu encontrá-lo.
A quebra dos sigilos telefônicos não ajudou a confirmar a versão do suposto sobrevivente não foi encontrada ligação do soldado da Rota com demais PMs investigados. O celular de Eleutério, segundo a quebra dos sigilos, foi usado na casa de sua noiva às 22h36 no dia do crime os ataques, segundo a polícia, ocorreram das 20h30 às 23h30. A ligação foi entre ele e sua advogada, Flávia Artilheiro.
Os dados do rastreador do carro usado por Eleutério mostraram que ele ficou na casa da noiva das 19h12 às 22h36 no dia do crime. A noiva e a mãe dela afirmaram em depoimento que eles ficaram em casa naquela noite para comer pizza. A Corregedoria diz, porém, que esses depoimentos devem ser vistos com “cautela” em razão do envolvimento emocional e familiar.
E, como Eleutério pode ter saído de casa em outro carro e seu telefone pode ter sido atendido por outra pessoa na casa da noiva, a PM não descartou, por ora, a ligação do policial com a chacina. O soldado da Rota também é investigado por cinco chacinas anteriores -policiais ouvidos pela reportagem dizem haver fortes indícios de envolvimento dele em parte dos crimes, mas a defesa de Eleutério alega inocência.
- Policiais mataram 3.022 pessoas no Brasil em 2014, diz relatório
- Com chacina, Grande SP bate recorde de vítimas de homicídio em 2015
- Policial militar é preso acusado de participar da chacina de Carapicuíba
- Entre janeiro e agosto, 571 pessoas foram mortas por policiais em SP
- PM chegou antes de eu chamar, diz dono de pizzaria onde houve chacina
- Polícia apreende cápsulas de pistola em local de nova chacina na Grande SP
- Nova chacina deixa quatro mortos em Carapicuíba, na Grande São Paulo
Governo Lula cobra fatura de aliança com Lira nesta última semana do Legislativo
PF busca mais indícios contra Braga Netto para implicar Bolsonaro em suposto golpe
Não é só nos EUA: drones sobrevoam base da Força Aérea americana e empresas estratégicas na Alemanha
Juiz de Brasília condena Filipe Martins por suposto “gesto racista” em sessão do Senado
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora