Depois de duas horas e meia, as linhas de ônibus que ficaram paradas no centro de Curitiba voltaram a circular. A estimativa do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) é de que 20% da frota tenha ficado parada desde as 16 horas, quando o protesto começou.
Segundo a entidade, as linhas mais afetadas foram as que passam pela Rui Barbosa. Nos demais pontos não houve grandes transtornos.
A decisão de interromper o itinerário de alguns ônibus foi tomada em assembleia realizada às 15h30 desta quinta-feira (11), paralisar a circulação dos ônibus na região central da cidade entre 16 e 19 horas. O protesto integra o Dia Nacional de Lutas, organizado por centrais sindicais em diversas cidades do país e com várias implicações em Curitiba, como fechamento dos comércio de rua e a abertura de cancelas em praças de pedágio. Acompanhe abaixo, em tempo real, a assembleia dos motoristas e cobradores.
Veja fotos da paralisação dos ônibus e da greve geral em Curitiba
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Um mandado proibitório, expedido pela Justiça, foi entregue no início da tarde desta quinta aos representantes do Sindimoc, que se concentram na Praça Rui Barbosa, no Centro da capital. O documento obriga a categoria a manter pelo menos 50% da frota em circulação nas ruas de Curitiba.
Segundo o presidente da entidade, Anderson Teixeira, a decisão de paralisar só os ônibus que circulam pela região central deve cumprir com o porcentual determinado pela Justiça.
Por volta das 16h10, já havia aglomeração de ônibus na Rui Barbosa e em ruas ao redor da praça. Ônibus chegam, mas não saem do local.
Segundo a Secretaria de Trânsito de Curitiba (Setran), o acúmulo de ônibus parados no entorno da praça já afeta o trânsito. Às 16h40, as ruas Alferes Poli, 24 de maio e Pedro Ivo estavam com tráfego lento. A situação permaneceu até por volta das 18h40.
Medida cautelar
Como precaução à possível paralisação - que agora se confirmou, a Urbanização de Curitiba (Urbs) protocolou uma medida cautelar na Justiça do Trabalho no início da noite desta quarta-feira (10). A intenção é garantir a circulação de uma frota mínima para atender a população, mesmo com a decisão dos trabalhadores pela paralisação.
O pedido no documento protocolado pela Urbs era para que 1.658 ônibus, que representam 80% da frota da Rede Integrada de Transporte (RIT), circulassem no horário de pico (entre 17h e 20h). Fora desse período, a frota deverá ser de 1.554 ônibus, ou 60% do total. A decisão judicial, porém, determina que a frota seja de - no mínimo - 50%.
A Urbs afirmou na noite de quarta que não havia recebido o indicativo de greve da categoria. O presidente do Sindimoc informou que enviou um ofício para as empresas na segunda-feira (08).
Terminais vazios
Durante a paralisação de motoristas e cobradores, a reportagem da Gazeta do Povo percorreu os terminais do Portão, Capão Raso e Pinheirinho. No período, todos registravam fluxo de passageiros praticamente nulo. Muitas pessoas tiveram de pedir carona para chegar até a região central da cidade, ou para percorrer o caminho inverso.
A auxiliar de enfermagem do Hospital Santa Casa Maria Madalena dos Santos estava entre as poucas pessoas que circulavam no terminal do Pinheirinho por volta das 18 horas. Com o horário de entrada para o plantão marcado para as 19 horas, a trabalhadora estava preocupada por não saber como faria até chegar ao hospital.
No terminal do Portão, a professa Lucinéia Moraes estranhou o espaço vazio nas plataformas. "Geralmente, toda vez que pego ônibus nesse horário tem muita fila", disse a professora, que apoia o protesto.
Comércio libera funcionários
O Sindicato dos Comerciários de Curitiba e Região (Sindicom) orientou os empresários a liberarem seus funcionários a partir das 14 horas, para evitar problemas com locomoção. Algumas lojas fecharam por precaução.
Os serviços de táxi da capital devem ficar sobrecarregados durante o dia. As centrais de rádio que administram os veículos trabalharão normalmente, mas a procura deve ser bem maior que em dias normais.
O Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba funciona parcialmente, a maioria das aulas na Universidade Federal do Paraná (UFPR) foi cancelada, e escolas municipais de Curitiba vão liberar os alunos mais cedo.
Ato no Aeroporto Afonso Pena
Funcionários do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, também aderiram ao Dia Nacional de Luta.
No terminal, cerca de 35 empregados ficaram reunidos durante uma hora no período da manhã, de forma pacífica, para reivindicar agilidade no acordo coletivo de trabalho da categoria, melhores condições de trabalho e planos de cargos e salários. Voos não foram prejudicados por conta da manifestação.
Pedágios
A praça de pedágio de Jataizinho, no Norte do Paraná, é a única que permanecia ocupada por manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) no final da tarde desta quinta-feira. Ao longo do dia, integrantes do movimento ocuparam 16 praças de pedágio pelo interior do estado e levantaram as cancelas para a passagem dos veículos. De acordo com a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), todos os demais postos ocupados foram liberados até as 16h50.
Somando as 16 praças bloqueadas, segundo a ABCR, cerca de 1.300 manifestantes tomaram parte nos protestos. Em Jataizinho, o bloqueio acontece no quilômetro 126 da BR-369. O objetivo das manifestações, segundo o MST, era exigir a redução imediata das tarifas cobradas pelas concessionárias e agilidade na reforma agrária.
INSS
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), registrou paralisação total ou parcial em 41 agências de atendimento em pelo menos oito estados. Pernambuco é o estado com o maior número de agência paralisadas, 11 no total. O INSS também informou que havia paralisação no Paraná, em São Paulo, em Alagoas, no Rio Grande do Sul, no Pará, na Bahia e em Sergipe. Os funcionários participam da paralisação do Dia Nacional de Luta, convocado por centrais sindicais e movimentos sociais.
As reivindicações
As manifestações acontecem nesta quinta-feira em várias cidades do Brasil. No Paraná, o movimento é organizado pelas centrais sindicais CSP Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, NCST e UGT.
No nível estadual, os trabalhadores pedem queda das tarifas do pedágio; mudança no sistema de eleição para conselheiros do Tribunal de Contas; sistema permanente de reajuste do salário mínimo regional e regulamentação da profissão de motorista.
As pautas nacionais são redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, sem redução salarial; fim do projeto de lei que amplia a terceirização; reajuste digno para aposentados; fim dos "leilões do petróleo"; investimento de 10% do PIB em educação e outros 10% do orçamento da União na saúde; transporte público de qualidade e com preço justo; e reforma agrária.
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