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O presidente do Partido da Frente Liberal (PFL) em Guarapuava (região Central), vereador Gilson Amaral, vai tentar barrar o projeto que prevê a contratação de parentes de políticos no município, aprovado na manhã desta quarta-feira na Câmara local. Um recurso deve ser protocolado nesta sexta-feira no Ministério Público (MP) de Guarapuava.

De acordo com o projeto, 35% das vagas do Executivo e do Legislativo de Guarapuava serão destinadas a parentes de políticos, sendo 5% dos cargos de confiança da prefeitura reservados a parentes do prefeito, vice-prefeito e secretários, e mais 30% das vagas na Câmara para as famílias dos vereadores. "Eles acabaram de legalizar o nepotismo em Guarapuava. Estamos tentando impedir que os vereadores votem (em segunda e terceira discussão) e queremos que o Ministério Público torne isso de uma vez por todas ilegal", afirma Amaral.

Atualmente, o prefeito de Guarapuava Fernando Ribas Carli (PP) e o vice-prefeito Jorge Luiz Massaro (PSDB) mantêm parentes ocupando cargos na administração. O primo do prefeito, Fábio Ribas, é procurador do município, e a filha do vice, Ana Lúcia Massaro, é secretária municipal da Habitação. Além destes exemplos de contratação de parentes na prefeitura, existiriam outros sete familiares de vereadores empregados na Câmara, segundo o pefelista Amaral.

O vereador afirma que estes parentes teriam pedido demissão no último dia 7, como uma maneira de fazer com que a votação pudesse acontecer nesta quarta-feira de forma legal. "Isso é vergonhoso. Eles usaram de uma manobra safada. Pelo regulamento interno quem tem parente contratado fica impedido de votar. E até ontem (terça, dia 13) eles estavam trabalhando com a maior naturalidade", relata Amaral.

A reportagem da Gazeta do Povo Online tentou entrar em contato com o prefeito Fernando Ribas Carli (PP), durante a tarde desta quinta-feira, mas ele não foi localizado. Segundo informações do gabinete do prefeito, ele estaria se dirigindo a Curitiba.

Votação

A sessão de votação do projeto durou menos de uma hora e aconteceu com o plenário vazio, uma vez que normalmente neste horário não há votação. Foram oito votos a favor da proposta e três contra. Em cerca de 15 minutos o projeto que permite a contratação de parentes havia sido aprovado. Atualmente há 112 cargos de confiança na prefeitura da cidade. Caso o projeto, daqui a 10 dias, seja aprovado em segunda votação, seis destes 112 cargos serão ocupados por familiares dos políticos.

Polêmica

O nepotismo foi um dos assuntos mais discutidos durante o mês de abril no Paraná. No dia 18 daquele mês, os deputados estaduais rejeitaram a proposta de emenda constitucional antinepotismo, que proibia a contratação de parentes em cargos comissionados nos órgãos públicos. A decisão dos parlamentares gerou muita discussão nos diversos setores da sociedade, entre eles a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Uma nova emenda sobre o mesmo tema deveria ser discutida na Assembléia Legislativa (AL), mas no dia 24 de maio o presidente da Casa, Hermas Brandão, arquivou os projetos sobre nepotismo.

Nos últimos dias o assunto voltou à tona no estado. Em 30 de maio, os vereadores de Paranaguá, no litoral, decidiram barrar a lei antinepotismo no município. No dia 6 de maio, os vereadores de Telêmaco Borba decidiram aumentar a verba para contratação de parentes. E os políticos de Toledo, Vera Cruz do Oeste e Ouro Verde, no Oeste do estado, têm um prazo de 30 dias, a contar de 6 de junho, para demitir parentes, conforme determinação da Promotoria de Justiça.

Veja a cronologia do nepotismo no Paraná

Veja a reportagem em vídeo do ParanáTV sobre a polêmica do nepotismo em Guarapuava

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