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Alagoas

Pai de Eloá é suspeito de assassinatos

Enterro de Eloá, em Santo André, região metropolitana de São Paulo: cortejo seguido por cerca de 10 mil pessoas | Rodrigo Paiva/Reuters
Enterro de Eloá, em Santo André, região metropolitana de São Paulo: cortejo seguido por cerca de 10 mil pessoas (Foto: Rodrigo Paiva/Reuters)

SÃO PAULO - O vigia Everaldo Pereira dos Santos, que se apresentou como Aldo José da Silva, pai da adolescente Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, é suspeito de participação na morte de Ricardo José Lessa Santos, irmão do ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa, e em outros homicídios. Uma carta precatória já foi enviada para São Paulo. Pelo menos quatro mandados de prisão já estão em poder da polícia paulista.

Ele foi reconhecido como o ex-cabo da PM Everaldo Pereira, integrante da "Gangue Fardada", um esquadrão da morte que atuava em Alagoas. Sua imagem, divulgada em fotos e pela tevê, foi reconhecida por autoridades alagoanas quando passou mal por conta do seqüestro da filha e foi socorrido em uma maca. A Secretaria da Defesa Social de Alagoas informa que pedirá uma força-tarefa com a polícia paulista para prendê-lo. O ex-cabo tem prisão decretada pela Justiça de Alagoas. Everaldo foi preso e acusado pela morte de Ricardo Lessa, irmão do ex-governador Ronaldo Lessa, antes da fuga. O motivo do crime seriam as ações de Lessa para combater a "Gangue Fardada", que agiu no estado até 1997.

Ricardo Lessa foi assassinado no bairro de Bebedouro ao lado de seu segurança, Cícero Carlota. Acusado de ser o líder da gangue, o tenente-coronel Manoel Cavalcanti está preso desde 1997 e atualmente está no presídio federal de Catanduvas.

Segundo fontes do governo de Alagoas, Everaldo atuava na linha de frente da gangue, na execução dos assassinatos. De acordo com o delegado-geral de Alagoas, Marcílio Barenco, o pai de Eloá ainda participou do assassinato do motorista Antenor Carlota e de outro homem.

Everaldo negou as acusações e disse temer uma "queima de arquivo". Ele alegou que foi requisitado para integrar a segurança de Ricardo Lessa e acusa policiais civis de tramarem o assassinato. "As confidências que ele (Ricardo) fazia nas viagens é que tinha medo de ser assassinado pela Polícia Civil", afirmou. "A Civil tinha inveja, os delegados não conseguiam desvendar os crimes e o doutor Ricardo conseguia com a gente, com a PM. Tiraram a gente da segurança dele. E a culpa é da Secretaria, daqueles mafiosos." Ele disse que fugiu em 1993, por medo de ser morto, e negou que tenha invadido um hospital para matar um homem na UTI. O pai de Eloá admitiu que não foi ao enterro da filha por receio de ser morto e não sabe se vai se entregar. "Aqui a Justiça age de um jeito, lá (em Alagoas) é de outro", comparou. "Lá a maioria é comprada. Quem manda é o colarinho branco. Querem queimar o arquivo. Sou um arquivo vivo."

Caso Eloá

Eloá morreu baleada após passar 100 horas refém de Lindemberg Alves, seu ex-namorado, em Santo André, na grande São Paulo. O pai não compareceu ao enterro, ontem. De acordo com a família, ele é hipertenso e passava por atendimento médico.

Na tarde de ontem, policiais civis estiveram no Hospital Municipal de Santo André em busca do pai de Eloá. O hospital informou desconhecer que ele tenha sido medicado no local. A polícia alagoana teme que ele tenha fugido.

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