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Enterro de Eloá, em Santo André, região metropolitana de São Paulo: cortejo seguido por cerca de 10 mil pessoas | Rodrigo Paiva/Reuters
Enterro de Eloá, em Santo André, região metropolitana de São Paulo: cortejo seguido por cerca de 10 mil pessoas| Foto: Rodrigo Paiva/Reuters

Enterro reúne 10 mil pessoas

SÃO PAULO - Cerca de 30 mil pessoas passaram pelo velório e 10 mil acompanharam o enterro da adolescente Eloá Cristina Pimentel da Silva, de 15 anos, ontem. Eloá foi morta pelo ex-namorado Lindemberg Alves após ser mantida 100 horas refém. O corpo foi sepultado por volta das 9h10, sob aplausos e muita comoção. Nayara Rodrigues Vieira, mantida refém junto com a amiga, não pôde acompanhar o enterro porque não foi liberada pelos médicos. A alta está prevista para hoje. "Consigo perdoar o Lindemberg, de todo o meu coração, mas que a justiça seja feita", disse a mãe de Eloá, Ana Cristina da Silva, que lembrou também das pessoas que receberam órgãos da menina. "Minha filha está muito feliz: deu a vida a essas pessoas. Talvez Deus tenha feito isso para dar a vida a elas."

Agência O Globo

Agricultor quer filho punido

João Pessoa - O agricultor José Luciano, o Zé Viola, de 63 anos, disse ontem, na zona rural de Teixeira, a 330 km de João Pessoa, que seu filho, Lindemberg Alves Fernandes, 22, responsabilizado pela morte da ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, deve pagar pelos crimes que cometeu. Viola disse que tomou conhecimento da tragédia de Santo André na manhã de segunda-feira, por intermédio de uma afilhada. Afirmou que ouviu falar da morte de Eloá, mas não sabia que o caso envolvia seu filho. Zé Viola disse que ficou chocado. "Errar é humano, mas tem casos de erro que podem ser evitados", declarou. Para ele, a polícia deveria ter agido no momento em que Lindemberg soltou Nayara Rodrigues.

Agência Estado

SÃO PAULO - O vigia Everaldo Pereira dos Santos, que se apresentou como Aldo José da Silva, pai da adolescente Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, é suspeito de participação na morte de Ricardo José Lessa Santos, irmão do ex-governador de Alagoas Ronaldo Lessa, e em outros homicídios. Uma carta precatória já foi enviada para São Paulo. Pelo menos quatro mandados de prisão já estão em poder da polícia paulista.

Ele foi reconhecido como o ex-cabo da PM Everaldo Pereira, integrante da "Gangue Fardada", um esquadrão da morte que atuava em Alagoas. Sua imagem, divulgada em fotos e pela tevê, foi reconhecida por autoridades alagoanas quando passou mal por conta do seqüestro da filha e foi socorrido em uma maca. A Secretaria da Defesa Social de Alagoas informa que pedirá uma força-tarefa com a polícia paulista para prendê-lo. O ex-cabo tem prisão decretada pela Justiça de Alagoas. Everaldo foi preso e acusado pela morte de Ricardo Lessa, irmão do ex-governador Ronaldo Lessa, antes da fuga. O motivo do crime seriam as ações de Lessa para combater a "Gangue Fardada", que agiu no estado até 1997.

Ricardo Lessa foi assassinado no bairro de Bebedouro ao lado de seu segurança, Cícero Carlota. Acusado de ser o líder da gangue, o tenente-coronel Manoel Cavalcanti está preso desde 1997 e atualmente está no presídio federal de Catanduvas.

Segundo fontes do governo de Alagoas, Everaldo atuava na linha de frente da gangue, na execução dos assassinatos. De acordo com o delegado-geral de Alagoas, Marcílio Barenco, o pai de Eloá ainda participou do assassinato do motorista Antenor Carlota e de outro homem.

Everaldo negou as acusações e disse temer uma "queima de arquivo". Ele alegou que foi requisitado para integrar a segurança de Ricardo Lessa e acusa policiais civis de tramarem o assassinato. "As confidências que ele (Ricardo) fazia nas viagens é que tinha medo de ser assassinado pela Polícia Civil", afirmou. "A Civil tinha inveja, os delegados não conseguiam desvendar os crimes e o doutor Ricardo conseguia com a gente, com a PM. Tiraram a gente da segurança dele. E a culpa é da Secretaria, daqueles mafiosos." Ele disse que fugiu em 1993, por medo de ser morto, e negou que tenha invadido um hospital para matar um homem na UTI. O pai de Eloá admitiu que não foi ao enterro da filha por receio de ser morto e não sabe se vai se entregar. "Aqui a Justiça age de um jeito, lá (em Alagoas) é de outro", comparou. "Lá a maioria é comprada. Quem manda é o colarinho branco. Querem queimar o arquivo. Sou um arquivo vivo."

Caso Eloá

Eloá morreu baleada após passar 100 horas refém de Lindemberg Alves, seu ex-namorado, em Santo André, na grande São Paulo. O pai não compareceu ao enterro, ontem. De acordo com a família, ele é hipertenso e passava por atendimento médico.

Na tarde de ontem, policiais civis estiveram no Hospital Municipal de Santo André em busca do pai de Eloá. O hospital informou desconhecer que ele tenha sido medicado no local. A polícia alagoana teme que ele tenha fugido.

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