Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
debate no stf

Pedido de vista sobre porte de droga será rápido; Fachin explica motivação

 | Antônio More/Gazeta do Povo
(Foto: Antônio More/Gazeta do Povo)

Não há como discutir a descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal sem envolver questões pertinentes às áreas de saúde pública, liberdade individual e segurança. Esse é o posicionamento do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Edson Fachin, que pediu vista do processo, na quinta-feira (20), no julgamento que discute o tema. Atualmente, o porte de drogas para consumo pessoal é considerado crime.

Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, concedida nesta sexta-feira (21), ele prometeu ser rápido na análise e devolver o processo, no máximo, até 1.º de setembro para que o tema possa voltar a ser debatido em plenário. “Vou apresentar meu voto em 10 dias”, revelou. Fachin esteve em Curitiba para participar, na sede do Tribunal de Justiça do Paraná, do 104.º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça.

O ministro afirmou que é impossível debater a descriminalização do porte de drogas sem levar em conta a população que está no sistema prisional e a relação existente entre o usuário de drogas e o traficante. “Trata-se de uma certa confusão que pode existir na qualificação jurídica de quem é usuário e quem é traficante. Esse é um tema importante, tendo em vista a população carcerária que o Brasil tem e o estado, que é mais próximo à barbárie que da civilização, dos nossos presídios e cadeias”, ressaltou.

Para ele, a questão das drogas está intimamente ligada à saúde pública. “Esse é um debate para o qual não devemos almejar uma lei penal melhor. Precisamos, na verdade, ter uma coisa melhor que a lei penal. São necessárias políticas públicas”, disse o ministro.

Fachin ainda leva em consideração a liberdade individual. “Precisa-se pensar e discutir em que medida o estado pode ou não intervir nesse espaço de autodeterminação pessoal”, explicou.

Diálogos

Para tomar a decisão em relação ao tema, Fachin afirmou que durante os próximo dias irá se reunir com especialistas e entidades da sociedade civil. “Estou formando meu ponto de vista. Estou marcando um conjunto de diálgos com especialistas, da área de drogas, técnicos e professores”, disse. Ele também irá de reunir com especialistas da área de criminologia “A partir do diálogo vou formar uma convicção sobre o tema”, afirmou o ministro.

De acordo com ele, não é possível ainda fazer qualquer prognóstico da votação do processo no STF. “Quando iniciar os debates se perceberá a tendência dos ministros”, disse.

Caso

O julgamento que analisa a constitucionalidade do artigo 28 da Lei de Doras (11.343, de 2006) foi interrompido duas vezes nesta semana. Na sessão de quarta-feira (19), após a leitura do relatório, se manifestaram os representantes das partes, o procurador-geral da República e os advogados das entidades admitidas na qualidade de amici curiae. Os ministros decidiram suspender o julgamento depois da sugestão do presidente da Corte, Ricardo Lewandowski, e acatada pelo relator Gilmar Mendes, que ponderou que seu voto seria “alentado”.

Na quinta-feira (20),o relator do caso, ministro Gilmar Mendes, votou pela descriminalização do porte de drogas para uso pessoal. Ele foi o único ministro a votar, pois Fachin pediu vista na sequência. Mendes argumentou que a repressão ao consumo não se mostra eficiente como política de combate ao tráfico de drogas.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.