A Promotoria de Investigação Criminal (PIC)do Ministério Público do Paraná vai acompanhar as investigações sobre as mortes do pedreiro Edson Elias dos Santos e do carregador Felipe Osvaldo da Guarda dos Santos, no Largo da Ordem e no Umbará, respectivamente, em Curitiba. Os dois morreram num suposto confronto com a polícia.
No entendimento da PIC, as mortes apresentam, em princípio, contornos de crime comum, cuja competência para processar e julgar seria do Tribunal do Júri, por se tratar, em tese, de homicídio. Caso se confirme a tese da promotoria, os dez policiais militares envolvidos nas duas mortes responderiam também na justiça comum e não somente no Inquérito Policial Militar, abertos por determinação do comando da corporação.
A PIC entra no caso um dia depois que o governador Roberto Requião admitiu que Felipe foi fuzilado pelos policiais militares numa ação parecida a do Esquadrão da Morte. O carregador morreu no dia 25 de fevereiro com trinta tiros. Felipe estava dirigindo o carro da mãe quando foi abordado pelo policial.
A versão da polícia era de que o veículo tinha sinal de alerta - versão esta desmentida por Requião. A idéia de execução ganhou força depois que veio à tona que o carregador foi vítima e testemunha de uma sessão de tortura nas dependências do Centro de Detenção Provisória (CDP) de São José dos Pinhais, na região metropolitana.
Largo da Ordem
Já o pedreiro Edson Elias dos Santos morreu no dia 17 de fevereiro depois de ser alvejado por diversos tiros no Centro Histórico de Curitiba. A versão oficial da PM é que os policiais foram chamados para atender uma suspeita de roubo de carro. Santos, que estava com mais duas pessoas, teria reagido à abordagem atirando.
Entretanto, uma testemunha, que não quis se identificar por medo de represálias, negou que Santos tivesse atirado no momento da abordagem. Segundo a funerária que atendeu o caso, o pedreiro levou 18 tiros - o que reforçaria a idéia de execução.
Investigação
As duas mortes estão sendo investigadas pela polícia. Os dez policiais envolvidos nas duas mortes foram afastados. A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) designou dois delegados para cuidarem do caso, mas até agora não há uma resposta.
Requião, durante a reunião da Operação Mãos Limpas, na segunda-feira, exigiu do Secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, e do Comdandante-Geral da Polícia Militar do Paraná, coronel Nemésio Xavier de França Filho, providências imediatas e enérgicassobre a morte do carregador.
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