Os quatro jovens mortos a tiros na madrugada deste sábado (19) em Carapicuíba (Grande São Paulo) foram atacados na rua quando estavam à espera do fechamento do caixa da pizzaria onde trabalhavam. O dono do estabelecimento disse que um carro da Polícia Militar chegou ao local antes mesmo de ele conseguir ligar ao telefone 190.

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“A polícia chegou enquanto eu ainda pedia para a minha mulher chamar ajuda”, disse Rogério Flávio de Freitas, 43, dono da pizzaria La Famiglia, que se disse surpreso com a rapidez. Os rapazes trabalhavam como entregadores no estabelecimento, que fica ao lado de onde ocorreu a chacina.

Polícia apreende cápsulas de pistola em local de nova chacina na Grande SP

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Alex Luiz, 26, entregador de uma pizzaria próxima, estava com os quatro adolescentes minutos antes do crime, na esquina das ruas Rodomis Cretti e José Luiz Teixeira. “Eles subiram a rua para pegar dinheiro, eu virei para outro lado e fui para minha casa. Cinco minutos depois, aconteceram os tiros”, disse.

A chacina foi primeira na Grande SP após a série de ataques que deixou 19 mortos em Osasco e Barueri, no mês passado. As vítimas não tinham antecedentes criminais, segundo a polícia, e foram encontradas de bruços e com as mãos na cabeça.

O crime ocorreu em cidade vizinha a Osasco e Barueri e a cerca de sete quilômetros do bar epicentro da maior chacina do ano -que, mais de um mês depois, ainda não foi esclarecida pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Foram mortos no ataque em Carapicuíba Matheus Moraes dos Santos, 16, Douglas Bastos Vieira, 16, José Carlos Costa do Nascimento, 17, e Carlos Eduardo Montilha de Souza, 18. Eles receberam diversos tiros após serem rendidos por dois homens que desceram de um VW Spacefox cinza, segundo testemunhas.

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Elas afirmaram também que policiais entraram em uma distribuidora de gás próxima ao local do crime, que tinha câmeras, para procurar imagens do circuito interno do prédio. “Eles entraram e saíram rápido, dizendo que não tinha nada filmado”, diz uma pessoa, que não quis se identificar.

Vítimas

Um vídeo feito por um amigo dos rapazes mostra as vítimas já mortas, em posição de rendição, deitadas no chão.

O dono da pizzaria e os vizinhos disseram que os garotos eram trabalhadores e não estavam envolvidos com drogas ou brigas.

“O Belo (apelido de um dos menores) me chamava de tio. Nesta semana mesmo veio me contar contente que faltavam três prestações para ele terminar de pagar sua moto”, contou Freitas.

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Juarez Sabino de Souza, 57, pai de Carlos Eduardo, único maior de idade do grupo, disse que foi soldado do Exército e chegou a integrar a guarda de Ernesto Geisel na ditadura militar. Ele conta que seu filho considerava a possibilidade de seguir a carreira militar.

A perícia apreendeu no local da chacina cápsulas e projéteis de pistolas 380, calibre similar a algumas armas utilizadas nos ataques de 13 de agosto em Osasco e Barueri. A polícia disse, porém, que ainda não era possível fazer relação entre os dois casos.

Em 2013, uma investigação sobre chacinas ocorridas em Osasco e Carapicuíba encontrou relação entre os responsáveis pelas mortes -incluindo quatro policiais militares.

Em relação ao crime que deixou 19 mortos em agosto, a principal hipótese da investigação é que ele tenha sido uma represália de PMs à morte de um colega dias antes, durante um assalto a um posto de combustível.

Mais de um mês depois, só um soldado da Rota foi preso sob suspeita pela chacina -e, segundo integrantes da própria polícia, as evidências contra ele ainda são frágeis.

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