Uma semana depois da explosão que ocorreu dentro do apartamento 1001, no Edifício Canoas, em São Conrado, o próximo passo da Polícia Civil será analisar as imagens das 24 câmeras de segurança do prédio, gravadas no período de uma semana antes do acidente. Já a rotina dos moradores está longe de voltar ao normal. A administração do condomínio permite a entrada aos apartamentos apenas duas vezes por dia, por um período de meia hora. De acordo com o síndico, Jorge Alexandre Oliveira, é tempo suficiente para que os moradores recolham roupas e objetos deixados nos imóveis. Segundo ele, ninguém será autorizado a retornar aos 72 apartamentos pelos próximos 45 dias, no mínimo.
“Estamos avaliando os prejuízos e preparando os laudos que serão entregues à seguradora. Só depois disso vamos orçar a obra no mercado e dar início ao trabalho de reforma. Será um trâmite longo, mas esperamos restabelecer os serviços básicos, como luz, água, gás e elevadores, em pouco mais de um mês, liberando os apartamentos que não foram atingidos”, explicou.
Na manhã desta segunda-feira (25), os investigadores da 15ª DP retornaram ao Edifício Canoas para ouvir funcionários e pedir as imagens das 24 câmeras de segurança do prédio. Segundo os policiais, as imagens analisadas até agora são da noite anterior ao acidente e mostram o alemão Markus Muller, de 57 anos, chegando sozinho ao apartamento.
Agora, os peritos pretendem analisar toda a movimentação do prédio no período de sete dias antes da explosão. O objetivo, segundo eles, é descobrir se teria alguém dentro do imóvel com Muller há alguns dias.
No entanto, até o momento, as investigações da polícia apontam como provável causa do acidente o acúmulo de gás na unidade 1001. A hipótese de suicídio está praticamente descartada e os investigadores afirmam que não foram encontradas facas dentro do imóvel. Com a ajuda do Consulado Alemão no Rio, a mãe e um irmão de Muller foram localizados na Alemanha. Entretanto, eles ainda não entraram em contato com a polícia.
De acordo com uma funcionária do Edifício Canoas, um bombeiro hidráulico e um pedreiro trabalham na manutenção das estruturas do prédio. Segundo ela, há alguns meses, foi constatada uma infiltração na suíte de Muller, mas nada relacionado a um vazamento de gás. Ela explica que na área de serviço, indicado como o possível epicentro da explosão, ficava instalado um aquecedor, que fornecia água quente para a cozinha e o banheiro de empregada.
O alemão Markus Muller era conhecido pelos funcionários do prédio como um homem cordial e reservado. Segundo eles, Muller falava muito pouco português, o que dificultava uma interação diária com os demais moradores. Muller não recebia visitas e apenas o seu afilhado era visto com frequência no prédio. Na manhã do dia anterior à explosão, o adolescente — que conta com a ajuda do alemão para se tornar um jogador de futebol profissional — esteve no Edifício Canoas, porém, não chegou a subir, porque o alemão não estava em casa.
O estado de saúde de Muller ainda é muito grave. Ele permanece internado no Hospital municipal Pedro II, em Santa Cruz, e está em coma induzido, respirando com a ajuda de aparelhos no CTI do Centro de Tratamento de Queimados. O alemão tem queimaduras em 50% do corpo e o seu rosto está todo enfaixado.
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