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Quatro dias após o acidente envolvendo dois ônibus no Centro de Curitiba, a rotina da imobiliária atingida pelo biarticulado está longe de voltar ao normal. No local, as obras para a recuperação do espaço e de equipamentos danificados no acidente devem durar pelo menos mais 20 dias. O prejuízo de aproximadamente R$ 40 mil ficou para o proprietário da empresa, que foi obrigado a acionar o seguro para não ter que esperar o desenrolar do processo na Justiça.
Orlando Hauer é o proprietário da imobiliária Hauer e do prédio onde fica a loja. Ele conta que não foi procurado por nenhuma das empresas de ônibus envolvidas no acidente. "Acionei o seguro para que o prejuízo não seja ainda maior, mas até o momento ninguém entrou em contato comigo", conta. O gasto total chega a cerca de R$ 40 mil, sendo R$ 30 mil para recuperar a parte física (paredes, vidros, janelas, portas) e os outros R$ 10 mil para mesas, cadeiras e computadores.
Ele aguarda a decisão sobre o culpado do acidente para acionar os advogados que vão cuidar do caso. "Uma empresa alega que o ônibus estava a 40 km/h, a outra que estava a 29 km/h, velocidades incompatíveis com o estrago feito. Quero só ver quando e quem será responsabilizado", diz Hauer.
O proprietário ainda contou que por muito pouco o acidente não se tornou uma tragédia. "O funcionário que trabalha no sábado saiu do local cerca de 10 minutos antes do acidente", lembra Hauer. Ele ainda destacou que, em um dia de semana, cinco pessoas trabalham na sala que foi atingida pelo ônibus.
Outro caso
A situação vivida por Hauer não é diferente da enfrentada por Julio Cesar Fila, sócio e gerente da Visconde Motos, loja atingida pelo mesmo ônibus em um acidente ocorrido em novembro de 2008. Ele conta que entrou com processo na Justiça em 2009, mas até agora não recebeu qualquer indenização. "O prejuízo material foi de R$ 85 mil, sem contar os três meses que a loja teve que ficar fechada", lembra.
Até esta quarta-feira, nenhuma audiência foi marcada. Segundo Fila, nenhum responsável pela empresa o procurou na tentativa de fazer acordo. "Desde o início eles deixaram claro que só pagariam se fossem condenados na Justiça", diz.
A empresa de transportes Glória, proprietária do ônibus envolvido nos dois acidentes, foi procurada pela reportagem da Gazeta do Povo para responder sobre os casos, mas ninguém foi localizado. No início da semana, a empresa informou que não se manifestaria sobre o assunto.
O advogado Marcelo Araújo, especialista em trânsito, responde pela Visconde Motos e explica que o processo está em andamento, mas não há previsão de quando será finalizado. "O que sabemos é que a loja é a única que não é culpada no caso e por isso não pode arcar com o prejuízo", considera. Para ele, o ideal seria que a empresa de ônibus assumisse a culpa e se comprovado que não houve culpa, ela fosse ressarcida pelo condenado.
Araújo considera que mais importante do que os valores envolvidos é o mérito da ocorrência. "Alguém precisa ser responsabilizado", diz. De acordo com o advogado, a única medida adotada pela empresa até o momento foi o reparo do prédio atingido, que corria risco de desabar.
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