Com medo, grávidas se previnem
Preocupadas com a gripe A, gestantes adotam medidas de higiene e antecipam a licença no trabalho. A recomendação de evitar locais fechados também é seguida à risca pelas grávidas, que ficam a maior parte do tempo em casa.
Grávida de 39 semanas, Ariane Tatiane de Souza só sai de casa para ir às consultas médicas ou em caso de extrema urgência. "Fico o dia todo em casa", conta. Gerente de uma imobiliária, ela também antecipou a licença no escritório para evitar ficar em local fechado e com movimento de pessoas.
A secretária executiva Tereza Fernandes das Dores, grávida de 36 semanas, também irá antecipar a licença, que começa na semana que vem. "Você fica mais vulnerável e com imunidade mais baixa", diz. A infectologista Viviane Maria Dias, que também está grávida, de 32 semanas, não antecipou a licença, mas diminuiu a carga de trabalho e não visita mais os pacientes em risco. "Também não vou a festa, jantar, cinema, essas coisas", afirma. (BMW)
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O temor das complicações causadas pela gripe A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, é maior entre as gestantes. Elas fazem parte do grupo de risco, ou seja, recebem medicação aos primeiros sintomas da doença, assim como idosos, crianças com menos de cinco anos, diabéticos, cardíacos e soropositivos. No Paraná, seis gestantes estão internadas com suspeita da nova gripe e, em Cascavel, uma professora morta recentemente e grávida de oito meses poderia estar com a nova gripe. O bebê, que nasceu prematuro, continua internado na UTI do Hospital e Maternidade Dr. Lima.
"Mulheres grávidas emergiram como um dos grupos com os quais nós estamos preocupados por ter mais riscos de desenvolver sintomas sérios, disse Keiji Fukuda, diretor-geral assistente da Organização Mundial de Saúde (OMS). Um relatório da OMS apontou que mulheres grávidas têm maior risco de apresentar "sintomas severos, potencialmente resultando em aborto espontâneo ou morte. A informação é da Folhapress.
Gestantes com sintomas passam a ser acompanhadas de perto porque podem desenvolver pneumonia e entrar em trabalho de parto prematuro. Em Curitiba, uma jovem de 21 anos com a suspeita da nova gripe perdeu o bebê. No dia 21 de julho, ela estava com 33 semanas de gravidez e foi encaminhada para o Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná.
Os médicos do HC verificaram que o bebê já estava morto e foi feita a cesárea no mesmo dia. A paciente foi encaminhada para a UTI, onde continua internada em estado grave. A assessoria de marketing do HC diz que o hospital não recebeu o resultado do exame sobre a morte do bebê.
Mortes
Das mortes confirmadas no país, três foram de gestantes, uma em São Paulo, uma no Rio Grande do Sul e outra no Rio de Janeiro, onde 55 grávidas estão internadas com suspeita de gripe suína. Na capital, as professores grávidas da rede municipal tiveram suas férias prorrogadas em cinco dias. O governo do Rio de Janeiro decidiu internar qualquer gestante que tenha suspeita da nova gripe e ofereceu mais leitos para esse grupo. O Paraná, a princípio, não fará o mesmo. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), a decisão de internar ou não deve ser tomada pelo médico, de preferência o que já vem acompanhando a gestante. O órgão não divulgou o estado de saúde das seis gestantes que atualmente estão internadas no Paraná.
O diretor do sistema de urgência e emergência de Curitiba, Matheos Chomatas, diz que nem todas as gestantes devem ser internadas: só devem ir ao hospital os casos graves e não se pode esquecer o risco de infecção nestes locais. O Ministério da Saúde tem a mesma posição. A recomendação é que as gestantes com sintomas procurem a unidade de saúde mais próxima ou o médico de confiança para essa avaliação. Também será o médico que irá avaliar se elas devam tomar o medicamento, o fosfato de oseltamivir (Tamiflu). O medicamento só deve ser tomado durante a gravidez se o seu benefício justificar o risco.
A infectologista Viviane Maria Dias, coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Nossa Senhora das Graças, explica que as medidas de prevenção para as gestantes são as mesmas das recomendadas para toda a população. O que muda é que, se a gestante adoecer, as chances de complicação são maiores. Dessa forma, ao apresentar febre, tosse e dor no corpo, a mulher deve procurar o médico. "A gestante deve seguir as medidas rigorosamente. As pessoas às vezes relaxam, mas a gestante não pode relaxar", afirma. As orientações são evitar locais fechados; usar lenço descartável ao tossir ou espirrar; evitar tocar os olhos, boca e nariz; lavar bem as mãos; e procurar o médico no surgimento de sintomas.
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