Falta de efetivo prejudica combate ao crime
Apesar da agilidade na prisão de um suspeito do assassinato da psicológa Telma Fontoura, as condições de trabalho da Polícia Civil no litoral do Paraná não são suficientes para atender a demanda de crimes na região. O maior problema é a falta de efetivo. O presidente da Associação de Bares, Hotéis e Restaurantes do Litoral, José Carlos Chicarelli, diz que o pedido por mais policiais nas praias é uma reivindicação permanente de moradores e comerciantes. "Quando acaba a Operação Verão, a queda do número de policiais é grande. Há uma grande cobrança da comunidade nesse sentido", afirma.
Professora conhecia bem o litoral
O pai de Telma, o médico Ivan Fontoura, tem casa no litoral de Shangri-lá há cerca de 20 anos. Todos os filhos costumavam frequentar o balneário. A família descia para a praia nos fins de semana e, principalmente, na temporada. Em férias, Telma estava na praia com a filha desde a última quinta-feira.
Um suspeito de ter matado a psicóloga e professora Telma Fontoura, 53 anos, foi detido ontem, no litoral paranaense. A polícia confirmou a prisão, mas não deu mais informações e convocou uma entrevista coletiva para hoje. A expectativa é que o acusado seja apresentado.
Telma foi morta no último domingo, após sair para uma caminhada na praia. O corpo foi encontrado na segunda-feira, por volta das 10 horas, entre os balneários de Shangri-lá e Barrancos, por um grupo de pescadores. Estava enterrado em um buraco na praia e tinha marcas de esganadura. Ela vestia uma camiseta e uma calça azul, com a qual costumava praticar caminhadas.
O Instituto Médico Legal (IML) de Paranaguá fez a autópsia do corpo, mas não divulgou o resultado. "É preciso deixar bem claro que somente após a conclusão do laudo do IML é que será possível saber se ela sofreu abuso [sexual]. Qualquer afirmação desse tipo é precipitada no momento", afirmou o delegado de Pontal do Paraná, José Antônio Zuba, responsável pelas investigações.
Um dos pescadores que encontrou o corpo de Telma, que pediu para não se identificar, afirmou ter reconhecido na delegacia um dos suspeitos por meio de fotografias. A polícia não confirma se esse é o mesmo homem que está preso antes trabalhava-se com a hipótese de dois suspeitos diferentes.
Ontem, cerca de 600 pessoas participaram do velório da psicóloga, que era sobrinha do ator Ary Fontoura. O corpo seria cremado, como era o desejo de Telma, no fim da tarde de ontem, mas a cerimônia ainda não foi autorizada pela Justiça. Por enquanto, ficará sob a guarda da Funerária Vaticano.
Violência
O assassinato da professora piora a estatística já negativa da violência no litoral paranaense. Nos primeiros três meses desse ano foi registrado um aumento de 73% no número de homicídios dolosos (com intenção de matar) em relação ao mesmo período do ano passado. A informação é da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).
Ocorreram 38 homicídios entre janeiro e março nos sete municípios litorâneos. No mesmo período, em 2009, foram 22. O número corresponde a um acréscimo nos crimes contra a vida maior do que a média de Curitiba e de todo o estado. Os homicídios em Curitiba aumentaram 54% e, no Paraná, 30% no mesmo período. Guaratuba é a cidade onde mais ocorreram assassinatos. Do começo do ano até agora, segundo o delegado Messias da Rosa, titular na cidade, foram cerca de 20 mortes no município.
O caso de Telma é o segundo crime de violência contra a mulher registrado em Pontal do Paraná desde o começo do ano. Em janeiro, de acordo com a delegacia, uma universitária foi estuprada no balneário de Pontal do Sul. Em outro caso, ocorrido há cerca de dois meses, uma mulher teria sido perseguida por um homem enquanto passeava com as duas filhas na beira da praia, perto do local onde a psicóloga foi encontrada.
O litoral não registrava um crime de tamanha repercussão desde o caso do Morro do Boi, em Caiobá, quando o estudante Osíris Del Corso e sua namorada Monik Pegorari foram atacados no início de 2009. Osíris foi morto a tiros e Monik ficou paraplégica.
Desaparecimento
Telma foi vista pela última vez às 16 horas de domingo. Ela saiu para fazer uma caminhada e desapareceu. A família procurou a delegacia no domingo à noite e as buscas começaram em seguida, mas a falta de luminosidade e a maré alta dificultaram a procura.
Na manhã de segunda, as buscas recomeçaram. Quatro pescadores da região foram acionados pelo irmão de Telma, Rodrigo, por conhecerem bem o local. Um deles afirma que pegadas na areia, que iam em direção à restinga, chamaram a atenção. O mato, que também estava mexido e quebrado, foi outro fator que provocou suspeitas. Ao chegar ao local, o pescador percebeu que parte das plantas havia sido arrancada. "Aí comecei a tirar aquele mato e vi que ali havia algo. Percebi que poderia ser o corpo dela e chamei a polícia e os bombeiros, que estavam realizando buscas ao redor".
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