O novo diretor da PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel), Aclínio José do Amaral, previu nesta sexta-feira (5) que a reconstrução da unidade deve ser concluída em seis meses. Aproximadamente 70% das galerias foram destruídas na rebelião iniciada no dia 24 de agosto e que durou 45 horas, deixando um saldo de cinco mortos e 25 feridos. Amaral, que assumiu a direção de forma transitória na última segunda-feira (1), disse que vai fazer o "possível e impossível" para mudar o atual quadro da PEC, que já foi considerada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) como a pior penitenciária do Paraná.
Além de Amaral, foram substituídos o diretor-adjunto e o chefe de carceragem, conforme informações repassadas nesta manhã, durante coletiva de imprensa. Assumiram as funções Cristóvão Almeida e Lúcio Oledir Michelini, respectivamente. A equipe foi designada para fazer um trabalho de transição até a nomeação da nova diretoria. Segundo Amaral, que tem três décadas de experiência no setor carcerário, inicialmente ele foi deslocado para trabalhar durante dois meses em Cascavel, mas poderá ficar por mais tempo.
O novo diretor, que já comandou a PCE (Penitenciária Central do Estado), prevê dificuldades para restabelecer a ordem e a disciplina na unidade de Cascavel, mas que os agentes penitenciários estão auxiliando na reconstrução. "Estamos tentando restabelecer a unidade para voltar à normalidade", declarou.
OEA
Os problemas no sistema carcerário do Paraná levaram várias entidades a denunciarem o estado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos). O documento foi redigido e assinado nesta quinta-feira (4) em Londrina, no norte do Estado. De acordo com Anthony Johnson, presidente do Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná), o documento cobra ainda o fim da atual política de tratamento penal. "Não há dignidade, queremos forçar o governo a parar com essa política. São quatro anos sem investimentos", diz o líder sindical.
A rebelião na PEC foi o estopim para a formalização da denúncia que pede a interdição em todos os presídios superlotados do Paraná. Além do Sinsarpsen, a carta é assinada pela OAB, Pastoral Carcerária, Comissão de Direitos Humanos, além de outras entidades. O motim em Cascavel teve uma ampla repercussão internacional.
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