Parentes das vítimas se disseram satisfeitos com a condenação
Terminou por volta das 16 horas desta terça-feira (10) o julgamento dos três homens acusados da maior chacina do Paraná , ocorrida em Guaíra, Oeste do estado, em setembro de 2008. Jair Correia, Ademar Fernando Luiz e Fabiano Alves de Andrade foram considerados culpados pela morte de 15 pessoas e pela tentativa de homicídio contra as oito que ficaram feridas. Cada um dos réus foi sentenciado a 348 anos de prisão em regime fechado.
O auditório do Fórum de Guaíra ficou lotado na tarde desta terça-feira durante a leitura da decisão do júri. Os advogados de defesa dos réus disseram que vão recorrer da sentença. Os três homens vão continuar detidos no Centro de Detenção e Ressocialização de Cascavel, também no Oeste do Paraná.
O julgamento dos três acusados durou dois dias. Na segunda-feira (9) foram ouvidas as 13 testemunhas do caso, cinco de defesa e oito de acusação. A previsão inicial do juiz Wendel Fernando Brunieri, que presidiu o júri, era de que os réus só fossem ouvidos nesta terça-feira, mas o interrogatório dos acusados aconteceu ainda no primeiro dia.
Nesta manhã, os trabalhos começaram com o debate entre defesa e acusação. Os três réus acompanham a discussão do plenário, desde o início com a cabeça baixa. A promotoria iniciou a fala dizendo que o julgamento marca a história da Justiça no Paraná e que a sociedade exige uma resposta à altura dos crimes. O forte esquema de segurança montado no interior do tribunal e nas proximidades do fórum com a presença de policiais civis, militares e federais. A rua em frente ao prédio foi interditada. Cerca de 15 familiares e amigos das vítimas acompanharam o julgamento.
Em entrevista ao telejornal ParanáTV 2ª edição, da TV Oeste, parentes das vítimas se disseram satisfeitos com a condenação. "Pena máxima era o que eu queria. Se tivesse a perpétua era o que eu queria para eles", afirmou Ramona Souza.
O crime
A chacina, considerada a maior da história do Paraná, ocorreu em uma chácara às margens do Lago de Itaipu e deixou 15 mortos, entre eles havia duas mulheres, uma delas menor de idade. Outras oito pessoas ficaram feridas algumas delas se fingiram de mortas para escapar da execução. Uma mulher e duas crianças escaparam sem ferimentos.
O crime guardava relação com um assassinato anterior, de Dirceu de Souza Pereira. Ele havia sido morto pelo suposto desvio de uma carga de maconha comprada por Jossimar Marques Soares, o Polaco. O padrasto de Dirceu, Jair Correa, juntou-se a Ademar Fernando Luiz e Fabiano Alves de Andrade para vingar o filho. Pretendia matar Polaco, dono da chácara, e os três executores do enteado. Cada pessoa que entrava na propriedade de Polaco, ao longo do período em que o trio esteve lá, era executada.
Jair Correia foi o primeiro a ser preso. Ele foi capturado no dia 15 de outubro, em Rosana, no interior de São Paulo. Outro acusado, Ademar Fernando Luiz, foi preso no dia 21 de outubro em Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. Três dias depois, a polícia prendeu Fabiano Alves de Andrade, em Itaquiraí, Mato Grosso do Sul. Os acusados confessaram os homicídios.
Mudanças
A chacina ajudou a mudar o tratamento policial dado à região de Guaíra. A Polícia Federal (PF) ganhou uma delegacia marítima, com embarcações para patrulhar o lago. Os equipamentos e o efetivo policial estavam previstos, mas o crime de 22 de setembro acelerou o processo. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), que até julho de 2008 não atuava na região, tem trabalhado com a PF. E somente depois da chacina o governo do estado criou a Força Alfa Companhia Independente de Fronteira , embora já estivesse nos planos da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).
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