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Segundo dia de julgamento da chacina de Guaíra começa com menos público

Segundo dia de julgamento começou com debate entre acusação e defesa | Osmar Nunes
Segundo dia de julgamento começou com debate entre acusação e defesa (Foto: Osmar Nunes)
A rua em frente ao fórum da cidade foi fechada por medida de segurança |

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A rua em frente ao fórum da cidade foi fechada por medida de segurança

Cenário da chacina, à beira do Lago de Itaipu: 15 pessoas foram mortas |

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Cenário da chacina, à beira do Lago de Itaipu: 15 pessoas foram mortas

O julgamento dos três acusados da chacina que deixou 15 mortos na cidade de Guaíra, Oeste do Paraná, em setembro de 2008, entrou no segundo dia às 8h30 desta terça-feira (10), com um baixo número de interessados em acompanhar a audiência no plenário do fórum da cidade. Menos de dez pessoas estavam no público na abertura da sessão, que teve a limitação de 50 vagas praticamente esgotada.

O crime que está sendo julgado, considerado a maior chacina da história do Paraná, ocorreu em uma chácara às margens do Lago de Itaipu e foi motivado por vingança e dívidas do narcotráfico. Jair Correia, Ademar Fernando Luiz e Fabiano Alves de Andradeconfessaram os homicídios.

Nesta manhã, os trabalhos começaram com o debate entre defesa e acusação. Os três réus acompanham a discussão do plenário, desde o início com a cabeça baixa. A promotoria iniciou a fala dizendo que o julgamento marca a história da Justiça no Paraná e que a sociedade exige uma resposta à altura dos crimes. Após o debate, o juiz pretende iniciar ainda nesta terça-feira a votação dos quesitos, e, assim, apenas a leitura da sentença final ficaria para a quarta-feira (11).

O julgamento está adiantado em relação à previsão inicial do juiz Wendel Fernando Brunieri, que preside o júri. Ele esperava ouvir as 13 testemunhas do caso na segunda-feira, para colher os depoimentos dos três réus somente nesta terça, mas conseguiu fazer o interrogatório dos acusados ainda no primeiro dia. O forte esquema de segurança montado no interior do tribunal e nas proximidades do fórum é mantido nesta terça-feira, com a presença de policiais civis, militares e federais, e a interdição da rua em frente ao prédio.

Denúncia e defesa

O MP pede 250 anos de prisão para cada um dos três acusados. A Promotoria de Justiça de Guaíra entendeu que os crimes foram praticados com crueldade, sem chance de defesa para as vítimas, além de algumas delas terem sido torturadas antes de serem mortas.

Em setembro deste ano, os advogados dos réus disseram à Gazeta do Povo que de fato não há dúvidas quanto à autoria do crime, mas que, no julgamento, tentarão conseguir uma pena mínima para os clientes. "Nenhum deles nega o crime e não há divergência entre eles. Vamos basear a defesa em aspectos técnicos para diminuir a pena", disse o advogado Luiz Cláudio Nunes Lourenço, que, junto com Ademílson dos Reis, defende o trio.

O crime

A chacina de Guaíra é considerada a maior da história do Paraná e teria ocorrido em um intervalo de cinco horas, segundo a denúncia do Ministério Público (MP). Entre os 15 mortos havia duas mulheres, uma delas menor de idade. Outras oito pessoas ficaram feridas – algumas delas se fingiram de mortas para escapar da execução. Uma mulher e duas crianças escaparam sem ferimentos.

O crime guardava relação com um assassinato anterior, de Dirceu de Souza Pereira. Ele havia sido morto pelo suposto desvio de uma carga de maconha comprada por Jossimar Marques Soares, o Polaco. O padrasto de Dirceu, Jair Correa, juntou-se a Ademar Fernando Luiz e Fabiano Alves de Andrade para vingar o filho. Pretendia matar Polaco, dono da chácara, e os três executores do enteado. Cada pessoa que entrava na propriedade de Polaco, ao longo do período em que o trio esteve lá, era executada.

Mudanças

A chacina ajudou a mudar o tratamento policial dado à região de Guaíra. A Polícia Federal (PF) ganhou uma delegacia marítima, com embarcações para patrulhar o lago. Os equipamentos e o efetivo policial estavam previstos, mas o crime de 22 de setembro acelerou o processo. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), que até julho de 2008 não atuava na região, tem trabalhado com a PF. E somente depois da chacina o governo do estado criou a Força Alfa – Companhia Independente de Fronteira –, embora já estivesse nos planos da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).

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