Túmulo de Zilda no Cemitério do Água Verde ficou coberto de flores após o sepultamento| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Nelson Arns, filho da médica: pastoral quer triplicar atendimento
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Ainda não há uma pessoa para substituir a médica pediatra Zilda Arns na coordenação da Pastoral da Pessoa Idosa e na coordenação in­­ternacional da Pastoral da Crian­ça. Seis dias depois da morte da fundadora das entidades, as equipes começam a pensar agora na sucessão. Em relação ao atendimento à terceira idade, o processo pode ser mais fácil, já que segue o mesmo padrão da Pastoral da Criança: cada coordenador regional vota em uma assembleia e elege o coordenador nacional. Já a articulação com outros países era feita quase que exclusivamente por Zilda.

Há dois anos Zilda Arns havia passado a coordenação da Pastoral da Criança para a irmã Vera Lúcia Altoé e se dedicava à expansão da Pastoral do Idoso e à mobilização pela infância no exterior. Hoje a instituição está presente, em diferentes estágios de organização, em 20 países. Em locais como Paraguai e Colômbia a pastoral está mais estabelecida; em outros, ainda é incipiente. "Nossa maior dificuldade é conseguir voluntários. Precisamos de pessoas que tenham conhecimento técnico e também do idioma para oferecer o treinamento. Isso exige uma grande disponibilidade", diz o coordenador-adjunto da Pastoral da Criança, Nelson Arns, filho de Zilda.

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O maior desafio da pastoral é estabelecer articulações com lideranças religiosas, governos e comunidade ao chegar a um novo país. Era esse o papel desempenhado por Zilda Arns quando ela faleceu no Haiti. Unir esses atores sociais é essencial para o projeto. "Levamos conhecimento técnico e o difundimos entre pessoas das camadas mais pobres de uma maneira que elas assimilem", diz Nelson Arns.

Apesar da tristeza pelo falecimento da médica, voluntários e funcionários da Pastoral não acreditam que o trabalho enfrentará dificuldades. Além de preparar sua sucessão na organização, o espírito de solidariedade de Zilda deixou raízes profundas que só trazem mais motivação. Para os milhares de líderes, valerá sempre uma das frases favoritas da médica pediatra: "fé em Deus e pé na tábua".

Um dos principais projetos da pastoral é ampliar o número de crianças atendidas. Hoje a organização está presente em mais de 4 mil municípios brasileiros e conta com cerca de 300 mil voluntários. Mas, para passar dos 2 milhões de crianças atendidas para 6 milhões, é preciso mais. Os líderes monitoram cerca de 20% dos meninos e meninas pobres do país e aumentar esse porcentual exige, além de capital humano, mais verba. A maior dificuldade está em chegar aos locais mais ermos do país e realizar os treinamentos. "Nosso orçamento prevê um treinamento constante, porque os líderes precisam responder às demandas da comunidade", diz o coordenador-adjunto.

Homenagem

Missas de sétimo dia em vários estados

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A família de Zilda Arns não organizou uma missa oficial de sétimo dia. Filhos e netos se reunirão em um cerimônia íntima para lembrar a data e farão a celebração em suas paróquias. A orientação dos familiares é para que o mesmo seja feito em cada cidade.

Em diversos locais do país, voluntários da Pastoral realizarão cerimônias em homenagem à médica. Já estão marcadas missas em Florestópolis, onde o trabalho foi iniciado, e em outros três estados. Na capital, amigos e funcionários da Pastoral realizarão hoje uma cerimônia não oficial na Igreja das Mercês.

O pedido da família para que não fossem doadas coroas e flores no velório gerou uma receita de R$ 77 mil para a Pastoral da Criança. O valor arrecadado será utilizado para acompanhar 3,9 mil meninos e meninas durante um ano. Para os familiares, é mais uma certeza de que o trabalho da médica continuará. "Tenho certeza de que Zilda ficaria muito contente. Ela era uma pessoa prática: sempre gostou de flores, mas gostava muito mais de crianças", diz o filho Nelson Arns. (PC)

Serviço

Missa de sétimo dia em Curitiba: hoje, 19 horas, na Igreja Nossa Senhora das Mercês (Avenida Manoel Ribas, 966).

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