Marcelo Castro, ministro da Saúde do Brasil| Foto: PABLO PORCIUNCULA/AFP

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, afirmou na manhã desta quarta-feira (3) que a situação do zika vírus no Brasil “está sob controle” e que, “apesar das dificuldades econômicas” da administração federal, não faltará dinheiro para matar mosquitos e pesquisar uma vacina. A declaração reverte o tom das últimas respostas do governo sobre a epidemia. No dia 22, Castro causou controvérsia ao afirmar que o país estava “perdendo feio” a batalha para o mosquito Aedes aegypti . Uma semana depois, a presidente Dilma Rousseff afirmou que se tratava de uma “constatação da realidade” e que a luta seria perdida enquanto o inseto continuasse se reproduzindo.

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Castro falou em Montevidéu, antes de uma reunião emergencial com outros ministros da Saúde de países latino-americanos. “A situação está sob controle. Estamos fazendo todas as ações necessárias e indispensáveis, mas um esforço sempre maior é necessário ser feito”, disse.

Brasil mobilizou meio milhão de pessoas no combate ao Aedes, diz ministro

  • Montevidéu (uruguai)

O Brasil mobilizou 522 mil pessoas para o combate ao mosquito Aedes aegypti, vetor do vírus zika, na maior operação de sua história para frear o avanço de uma epidemia com mais de 1,5 milhão de infectados, informou nesta quarta-feira (3) o ministro da Saúde Marcelo Castro.

“Estamos fazendo o maior esforço na história do Brasil”, indicou o ministro, que participa na reunião de seus colegas da Saúde do Mercosul e países associados para discutir o tema na capital uruguaia.

“Temos 46 mil agentes de combate que estão indo de cada em casa e reforçamos com outros 266 mil agentes comunitários de saúde, além de 210 mil militares das forças armadas”, acrescentou.

“Toda a sociedade está sendo mobilizada neste grande esforço para combater o vetor”, disse ainda.

O Brasil é o país da América mais afetado, com mais de 1,5 milhão de contágios de doenças ligadas ao mosquito.

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Segundo ele, há 4,7 mil casos suspeitos e 404 confirmações de microcefalia, casos de bebês que nasceram com crânios menores que o normal e problemas neurológicos. O governo associa esses casos ao vírus. “Há um compromisso do governo brasileiro, apesar de estar passando por dificuldades econômicas, de não faltar recursos para ações de combate a essa virose. Principalmente para vacinas, há um compromisso público da presidente Dilma Rousseff de que não faltarão recursos públicos para o combate a essa epidemia de microcefalia causada pelo vírus zika”, acrescentou.

Castro disse que no dia 11 chegarão ao Brasil técnicos americanos para trabalhar em uma vacina contra o vírus. A parceria foi negociada em telefonemas entre a presidente Dilma e o americano Barack Obama, e do próprio Castro com a secretária de Saúde dos EUA.

Questionado se o controle de fronteiras era uma preocupação, Castro relativizou a tentativa de bloquear a passagem de um país a outro. “O vírus de certa forma já se espalhou por todo o continente. O mais importante são ações conjugadas, efetivas, compartilhamento de experiências e ações conjuntas no hemisfério para combater o mosquito. É a arma de que dispomos no momento.”

Ele admitiu que, no fim de abril, quando a doença foi identificada na Bahia, os sintomas eram considerados mais leves que os da dengue, transmitida pelo mesmo inseto. “Seis, sete, oito meses depois é que vieram as consequências mais graves, porque apareceram os casos de microcefalia.”

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Ministros da Saúde latino-americanos discutem ação contra zika

Ministros da Saúde de 15 países do continente americano fazem uma reunião de urgência em Montevidéu nesta quarta-feira (3), para atualizar o mapa da propagação do zika vírus, trocar experiências e reduzir diferenças que já causam tensões regionais. A declaração de emergência internacional feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) na segunda-feira (1º), em relação à microcefalia em bebês, potencialmente ligada à infecção de grávidas, reforçou a procura por uma tática conjunta. A Organização Panamericana para a Saúde (Opas) prevê que o número de infectados na América fique entre 3 e 4 milhões este ano.

As autoridades da área de saúde decidiram em menos de uma semana se encontrar em uma das sedes do Mercosul no Uruguai, um dos poucos países do continente sem a doença. Na semana passada, a OMS alertou que a enfermidade chegaria a toda a América, exceto a Chile e Canadá, onde não há mosquito Aedes aegypti. O inseto é o vetor não só da zika como da febre chikungunya e da dengue, doença que se tornou epidemia na Argentina. A reunião permitiria traçar um plano contra um alvo que transmite as três enfermidades.

A Casa Rosada confirma apenas uma infectada por zika, uma colombiana que vive em Buenos Aires e adquiriu o vírus em seu país. Nesta terça-feira, autoridades da Província de Corrientes divulgaram um caso semelhante, de um estudante de medicina brasileiro que vive em Santo Tomé, na fronteira com o Rio Grande do Sul. Ele teve o resultado do primeiro exame positivo depois de visitar a família em Mato Grosso e ainda espera confirmação, segundo a agência DyN.

A movimentação de viajantes por países em que o zika tornou-se uma ameaça sanitária, com Brasil e Colômbia adiante, é a principal preocupação de regiões em que os casos ainda são isolados. “É provável que turistas que visitaram o Brasil regressem com a doença. Resta saber se será em número suficiente para causar um brote na Argentina”, afirmou na noite de segunda-feira o ministro de Saúde argentino, Jorge Lemus, em entrevista ao canal TN. Outra preocupação é a forma de contágio. Segundo a agência EFE, foi confirmado nesta terça-feira que um americano que teve relações sexuais com uma pessoa infectada contraiu o vírus.

As autoridades sanitárias se encontrarão nesta quarta por três horas para afinar estratégias de combate ao mosquito. O governo colombiano reclama abertamente da atitude dos venezuelanos. “Infelizmente, não temos ações unificadas com a Venezuela. Não temos comunicação entre os dois países. A zona da fronteira - Cúcuta e arredores - é uma das mais afetadas”, disse ao Estado o ministro da saúde colombiano, Alejandro Gaviria, que chegou na terça à capital uruguaia. Ele acusa Caracas de subdimensionar a propagação do zika - o número oficial é de 4.500 casos. O governo venezuelano promete fumigação massiva de inseticida em todo o território.

Com 20 mil casos confirmados de infecção por zika, entre os quais 2,1 mil grávidas, a Colômbia é, depois do Brasil, o país mais atingido da América Latina. Segundo o ministério da Saúde colombiano, não há nenhum caso de microcefalia ligado ao vírus, por uma questão de ritmo de avanço da doença. Ela só foi detectada no país em 16 de outubro, razão pela qual o governo projeta o nascimento de pelo 500 crianças com microcefalia e 500 casos de Síndrome de Guillain-Barré, que causa paralisia e também foi associada ao vírus em razão do aumento repentino do número de diagnósticos.