Favelinha da Barreirinha: surgida há cinco anos, ocupação é desafio para autoridades| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Jornalistas ameaçados de morte

Dois jornalistas do programa de tevê 190, da CNT, passaram minutos de terror na tarde de sábado, ao voltar ao local da chacina. Por volta das 19 horas, o cinegrafista João Carlos Frigério, 25 anos, e o repórter José Aparecido Alves, conhecido como Jotapê, retornaram à Rua Albino Blum, no Barreirinha, para conseguir melhores imagens do local – no dia anterior a chuva tinha atrapalhado as gravações.

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Perfil

Veja alguns dos dados mais importantes sobre o Barreirinha:

> População: 20.196 habitantes (projeção do Ippuc para 2010).

> Renda: 21,67% dos moradores ganham até 3 salários mínimos. Na média da capital, 19,6% recebem até 3 salários mínimos.

> Educação: 2 escolas estaduais, 2 centros municipais de educação infantil, 2 escolas municipais, 2 escolas particulares, 1 Farol do Saber.

> Habitação: 7 conjuntos habitacionais.

> Economia: 73 indústrias, 488 pontos comerciais e 309 empresas de prestação de serviços.

Fonte: Ippuc

Favelinha é vista como um "gueto"

Quem passa pela Rua Fernando de Noronha, uma das principais avenidas do Barreirinha, pavimentada e bem urbanizada, não imagina que a poucos metros, no fim da Rua Albino Blum, exista uma favela. A ocupação, incrustada em um bairro de classe média, é composta de cerca de 40 casas e tem até nome oficial: para a Cohab, esta é a Favelinha da Barreirinha.

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A Polícia Civil prendeu ontem o primeiro suspeito de envolvimento com a chacina do Bar­reirinha. Segundo a polícia, que não deu muitas informações sobre a prisão, o preso faria parte do grupo que causou a morte de seis pessoas na noite de sábado. Entre as vítimas da chacina estava uma adolescente de 16 anos, grávida de sete meses. Dois homens conseguiram sobreviver ao massacre.

Segundo a delegada Yara De­­chiche, da Delegacia de Homi­cídios, a prisão foi feita em flagrante porque o suspeito estava portando drogas. A delegada afirma que o crime foi motivado por um desentendimento entre traficantes de grupos rivais. Mas o alvo principal – o dono da casa, que seria chefe de uma quadrilha que atuava no local, usando jovens para praticar pequenos roubos – conseguiu fugir com outro frequentador do ponto de uso e venda de droga. "Esperamos receber mais denúncias para avançar nas investigações".

Panorama

O palco da chacina está localizado em um bairro pequeno, considerado pacato e com casas de classe média (veja matéria ao lado). Para o coordenador operacional do Narcodenúncia, tenente Edivan Fragoso, isso só vem confirmar que o tráfico saiu das grandes favelas e está cada vez mais próximo, em grandes centros. "É interesse do traficante fazer o comércio em locais com residências bem fixadas, a fim de aliciar pessoas da classe média".

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Ele afirma que as ligações para o 181, telefone que registra denúncias sobre narcotráfico, têm aumentado, demonstrando que a população está mais confiante em denunciar. Desde o fim de 2008, houve 15 ligações recebidas sobre a atividade de traficantes no local. Porém, procurada pela reportagem, a Polícia Militar não se pronunciou quanto ao que estava sendo feito, até então, para acabar com o tráfico da região.

Crime

Poucos dias antes da chacina, um adolescente de 17 anos foi morto no mesmo local da chacina. Ele foi assassinado por tentar roubar um celular. Conforme os moradores, o rapaz assaltava residências para levar pequenos objetos. Uma mulher do bairro diz ter visto o marido ser ameaçado pelo jovem durante um assalto. "Só para comprar pedra", diz ela.

A morte do adolescente teria sido a origem da chacina. Um dos moradores da favela defendeu o garoto depois do roubo do celular. O dono do telefone tinha ido até o local e espancado o assaltante. E não gostou de ter sido enfrentado pelos moradores. Prometeu voltar. E cumpriu a promessa. Primeiro, no mesmo dia, cinco homens apareceram na favela e mataram o assaltante. Dez dias depois, o grupo voltou novamente. E dessa vez co­­meteu a chacina.

Conforme a polícia, das seis vítimas, três tinham antecedentes criminais. Marcelo Rodrigo Apolônio Estevam, 22 anos, e Anderson Carvalho dos Reis tinham mandado de prisão por porte de arma e envolvimento com tráfico de drogas. André An­­tônio Moraes, 28 anos, já tinha sido preso. A adolescente de 16 anos seria filha de um traficante de Almirante Tamandaré.

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