Um taxista foi indiciado na tarde desta quarta-feira (12) por suspeita de agredir um motorista do Uber no Itaim Bibi, zona oeste de São Paulo, no último sábado (8).
Em depoimento à polícia após o crime, o motorista do Uber, de 22 anos, disse ter sido atacado por 20 taxistas e forçado por quatro homens, um deles armado, a entrar em um táxi. Mantido refém por meia hora, ainda levou um soco na boca.
Nesta quarta, um taxista suspeito de participar do ato foi identificado e indiciado por injúria, ameaça, lesão corporal e sequestro.
O caso ocorreu menos de dois meses após um representante dos taxistas dizer em audiência na Câmara dos Deputados que haveria “morte” porque não tinha como conter a revolta da categoria diante da concorrência do Uber.
O aplicativo reúne motoristas que cobram para fazer corridas particulares -e viraram alvo de protestos de taxistas no Brasil e em outros lugares do mundo onde atuam.
Duas testemunhas do crime prestaram depoimento nesta tarde. A polícia também coletou imagens de duas câmeras de segurança, que devem auxiliar as investigações.
O caso ainda é apurado pelo 15º DP (Itaim Bibi).
Agressão
O motorista atacado no sábado (8) presta serviços pelo aplicativo há dois meses -e pediu para não ser identificado. Ele disse ter sido abordado quando seguia com seu Hyundai Azera para fazer a oitava viagem do dia.
Às 3h30, chegou à rua Santa Justina para atender um pedido e foi cercado por 20 táxis, segundo contou à polícia. Em seguida, tentou escapar dando ré, mas foi impedido pelo grupo, que passou a xingá-lo e a jogar pedras.
O motorista disse que tentou fugir a pé, foi alcançado por quatro homens (um deles armado) que estavam em um táxi Chevrolet Cobalt e obrigado a entrar no carro.
Após 30 minutos, foi deixado na rua Funchal, a 1,5 km do local onde foi abordado.
Um dos taxistas entrou no carro dele e fugiu. Quatro horas depois, a Polícia Militar encontrou o veículo “totalmente danificado”, segundo o boletim de ocorrência, na rua Clodomiro Amazonas.
Após o caso, a Uber criou um telefone 0800 para os profissionais chamarem em caso de emergência. Uma central de segurança do serviço alertará a polícia imediatamente.
No início da semana, o presidente do Simtetaxis (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores nas Empresas de Táxi de SP), Antônio Raimundo Matias dos Santos, conhecido como Ceará, confirmou a ocorrência à reportagem e disse que identificou ao menos um taxista envolvido.
“Vou denunciar o motorista no DTP [Departamento de Transportes Públicos] para que ele seja expulso.”
O caso levou a gestão Fernando Haddad (PT) a pedir a abertura de processo administrativo de cassação do alvará de taxistas envolvidos que forem identificados.
O serviço do Uber é considerado clandestino pela Prefeitura de São Paulo -não é regulamentado nem paga impostos ou taxas municipais específicos para a atividade. São feitas blitze para apreender esses carros, mas há dificuldade para identificá-los.
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