- Senado instala CPI do Apagão Aéreo
- Deputado da CPI propõe que controladores estudem inglês
- Tião Viana é confirmado presidente da CPI do Apagão no Senado
- Aeronáutica nega falha em comunicação com avião do Papa
- Na CPI, delegado responsabiliza pilotos e controle de vôos por acidente da Gol
- Deputado diz que avião do Papa teve dificuldade de comunicação com o Cindacta de Recife
Em depoimento na CPI do Apagão, o presidente da comissão da Aeronáutica que investiga o acidente com o Boeing da Gol, coronel Rufino Ferreira, reiterou nesta quinta-feira que houve falhas no procedimento dos controladores de vôo e dos pilotos do jato Legacy que colidiu com a aeronave - principalmente nos procedimentos relativos à checagem do plano de vôo e à falta de comunicação entre o jatinho e os controladores no período que precedeu o acidente.
Rufino revelou, no entanto, que o relatório que vem preparando não tratará de punições aos controladores, mas apenas de sugestões de prevenção para que a tragédia não se repita. O militar disse que ainda está na fase de coleta de dados e que não tem prazo para terminar o trabalho. No fim de maio, o acidente da Gol completará oito meses.
- Não é possível antecipar esses trabalhos. Seria irresponsabilidade tentar apressá-los - afirmou.
Ferreira esclareceu que só um inquérito policial militar (IPM) poderia punir os controladores. Segundo ele, o procedimento não foi instalado e nem tem previsão para começar. A Aeronáutica não tomou a medida porque a investigação da Polícia Federal não estaria apontando responsabilidade dos operadores aéreos. Só agora, uma vez que o inquérito da PF já foi para a Procuradoria-Geral Militar, a Aeronáutica pode decidir pelo IPM.
O coronel afirmou que limites legais o impediram de ouvir as versões dos controladores, que se negaram a falar ao saber que não se tratava de inquérito. No entanto, o militar explicou que enviou em dezembro uma série de sugestões e recomendações para melhorar a formação dos controladores. Ele propôs um reforço nas aulas dos operadores, para rever procedimentos que falharam no acidente, como leitura do plano de vôo e diálogos em inglês.
Nesta quinta-feira, o Senado instalou a sua CPI do Apagão, também com objetivo de investigar a crise no setor aéreo.
Presidente da CPI critica depoimento de coronel
O presidente da CPI, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), criticou o depoimento do coronel Rufino Ferreira. Marcelo Castro disse que Rufino foi "claudicante" (vacilante) nas respostas e que não atendeu às expectativas dos parlamentares. Castro disse ainda que o delegado da Polícia Federal Renato Sayão, que depôs na CPI na terça-feira passada, estava mais seguro do que o militar. Para o presidente, o coronel está há oito meses à frente das investigações e deveria dominar o assunto.
Marcelo Castro alertou ao chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kerson Filho, que também depõe nesta quinta, que, se ele não puder responder aos questionamentos dos deputados em reunião pública, a CPI fará uma reunião secreta para viabilizar o depoimento.
- Temos que atender às cobranças da sociedade - disse Marcelo Castro.
Deputado propõe que controladores estudem inglês
Nesta quarta-feira, o Comando da Aeronáutica divulgou a transcrição dos contatos do piloto do avião do Papa Bento XVI com o Cindacta de Recife, confirmando que não houve falha nos equipamentos, mas na comunicação entre o piloto e o controlador de vôo. Tudo indica que o controlador não entendia o que o piloto falava em inglês. O episódio provocou um bate-boca na CPI entre governo e oposição e o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA) chegou a sugerir que a Aeronáutica ofereça curso de inglês para os controladores .
Em uma tentativa de ganhar o apoio da sociedade, a CPI vai criar uma "ouvidoria cidadã" , uma proposta para que qualquer pessoa possa enviar sugestões de como resolver a crise aérea. A CPI disponibilizará um espaço no site da Câmara.
Em setembro do ano passado, o Boeing da Gol colidiu com o Jato Legacy, matando 154 pessoas, no norte do Mato Grosso. A PF indicou os pilotos do jatinho, os americanos Jan Paul Paladino e Joseph Lepore, como os responsáveis pela tragédia.
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